terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - 31/01/2017



"Como "Igreja em miniatura" sacramentalmente fundada, ou Igreja doméstica, matrimônio e família devem ser escola da fé e lugar da oração comum. Atribuo precisamente à oração na família grande significado. Dá força para se vencerem múltiplos problemas e dificuldades. No matrimônio e na família devem crescer e chegar à maturidade as atitudes fundamentais humanas e cristãs, sem as quais a Igreja e a sociedade não podem subsistir. Aqui está o primeiro lugar para o apostolado cristão dos leigos e o sacerdócio comum de todos os batizados. Tais matrimônios e famílias, impregnados de espírito cristão, são também os verdadeiros seminários, quer dizer, os viveiros para vocações espirituais ao estado sacerdotal e religioso."

Este é a primeira parte do artigo "ORAÇÃO FAMILIAR E VOCAÇÕES", da Carta Mensal ENS-CM-1981-3 de maio de 1981, para nosso auxílio na vivência diária dos PCE.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - 30/01/2017



A ideia embrionária da qual surgiu o Movimento das Equipes de Nossa Senhora nasceu no recolhimento de um retiro feito por quatro casais cristãos, desejosos de viver as riquezas do sacramento do matrimônio à luz da fé.

Esse Movimento não poderia deixar de propiciar aos seus membros - como ponto concreto de esforço - um retiro anual. Ponto concreto de esforço, "obrigação" de todo equipista. Obrigação, não no sentido de um peso a ser desvencilhado, mas significando retribuição àquilo que o Movimento nos oferece. Costumamos enviar flores para dizer obrigado a um amigo . .. Essas flores, além da sua beleza, levam consigo a mensagem da nossa gratidão. Também a nossa adesão ao retiro deve significar o nosso "obrigado" às muitas oportunidades que o Movimento proporciona ao casal equipista.

Fazer um retiro significa deixar a casa, deixar tudo o que prende ao cotidiano, ingressar numa casa apropriada para retiro e, num recolhimento prolongado e dirigido, procurar examinar-se, conhecer-se, refazer-se, aperfeiçoar-se. Isso se dá num clima de oração, meditação e escuta do que o Senhor tem para dizer a cada um em particular. E por que a necessidade de fazer um retiro para escutar o Senhor? É que as nossas ocupações ordinárias absorvem de tal modo o nosso tempo e nos lançam numa roda-viva tão envolvente que a nossa vida interior fica quase sempre irremediavelmente prejudicada. Certa vez, um médico dedicadíssimo, que tinha todo o seu tempo para seus doentes, seu hospital, seu trabalho, encontrou na sua agenda - numa única página ainda em branco - um recado com a letra da sua esposa: "dia dedicado à família, tão carente da sua presença, do seu amor". Antes que a nossa agenda fique cheia de compromissos, marquemos ,o nosso retiro anual, tempo dedicado Aquele que está sempre a nossa espera, para um encontro profundo e restaurador da nossa vida espiritual.

Como casal equipista, já fizemos oito retiros. Todos eles foram excelentes experiências para nós. Mas, apesar de somente oito retiros no Movimento, temos constatado uma grande evolução espiritual do primeiro ao oitavo retiro.

Nos primeiros havia muitas palestras, debates... Havia a troca de idéias e de experiências vividas em cada equipe ... Nesses três últimos anos, fomos conduzidos não mais a exteriorizar nossas experiências, mas a interiorizar as experiências evangélicas; não mais a participar de uma sessão religiosa, mas a viver uma experiência espiritual; não mais a maravilhar-nos. com a loquacidade dos nossos pregadores, mas a mergulhar na sabedoria de Deus; não mais a formar grupos e debater o Evangelho, mas a isolar-nos e recolher-no-s para um encontro pessoal face a face com o Senhor.

E para que esse encontro se realize é necessário silêncio porque "quem o ouve, senão aquele que o escuta? Quem o es-· cuta senão· aquele que lhe dá ouvidos? Quem dá ouvidos senão aquele que se envolve em silêncio, por fora e por dentro?" (Mons. Gonom)

As Sagradas Escrituras ensinam-nos que Deus se dá a conhecer no silêncio e no recolhimento. Leiamos I Reis 19, 11 e veremos que o Senhor se manifestou a Elias, não nos acontecimentos espetaculares, mas na chegada de uma brisa ligeira...

Este é na íntegra o artigo "À ESCUTA DO SENHOR", da Carta Mensal ENS-CM-1981-3 de maio de 1981, para nosso auxílio na vivência diária dos PCE.

MARIA


Não sei se é oração, não sei se é poesia. Maria, sei que é para você. Eu a olho, Madona, no quadro do Renascimento. Mas você não fica lá: bela, estática, clara, translúcida, divina, Você sai de lá. Eu a vejo rindo. Não, sorrindo docemente, meigamente .. . Rindo com som, com tremor de todo o corpo, rindo com os olhos, com as mãos, com os cabelos, com a própria pele. É toda você que ri, de um riso borbulhante. Você é alegria. Vejo suas faces coradas, quase rubras, de quem andou ao sol. Vejo-a lidar com pressa, com vontade de acabar, com vontade de fazer, de ver o trabalho aparecer ... se dando toda ao serviço, se cansando por ele. Vejo-a criando e ficando feliz por criar. . . fazendo da rotina o seu dia a dia. Fatigada, sentando-se, e com um suspiro profundo, gozando o prazer do descanso merecido. Você é gente. Vejo seu peito arfar, sua boca se abrir numa inspiração de corpo inteiro, num cansaço saudável de quem correu atrás de um menino irrequieto que sobe, que desce, que pula. Vejo-a correr com ele, atrás dele, rir com ele, rir dele, falar com ele, falar dele. Vejo-a sorrir para ele e aí seu corpo sorri. .. meigamente .. . docemente ... Vejo-a correr atrás dele, brincando, jogando, ralhando, dizendo não, dizendo sim. Ampará-lo antes que caia, levantá-lo depois que caiu. Tomá-lo nos braços, curar suas dores, limpar seus arranhões. Cobri-lo de beijos e, ao mesmo tempo, censurá-lo pela imprudência infantil. Suas mãos e seu olhar o alcançam: nessas horas, suas mãos têm a leveza de plumas e a maciez aveludada do pêssego.

Você é mãe. 

Vejo-a sofrer. Não pálida, inerte, fluida. Mas num sofrimento integral de mãos apertadas, de boca arcada, de olhos pesados, semi-cerrados, de faces descoradas, de gemidos, de pranto. Você é sofrimento. Vejo lágrimas. Não duas gotas de orvalho que apenas tocam faces de porcelana inexpressivas, geladas. É um choro amargo, que rola porque pesa, que cai sulcando a face, magoando, maltratando. É um choro de olhos vermelhos, inchados, doloridos. É um choro carregado de tristeza, de emoção, de dor. É como um rio caudaloso após a tempestade, levando pedaços de margem, engrossando sua transparência com o humus escuro. Você é pranto. Vejo-a receptiva, aberta,· disponível, como só você é capaz de ser. Fazer-se oca para que possa ser cheia de graça. Abrir-se para receber o filho de Deus em seu ventre, para receber Jesus, filho de sua carne, em sua vida. Receber, doando-se. Não guardando nada para si. Doação total. Receber, não porque nasceu para isto, mas porque vive para isto. Receber, como você, Maria, recebe o anjo que O anuncia, como você O recebe no Na tal, como você recebe Sua vida para o Pai, como você recebe Sua prisão, Sua paixão, Sua morte, Sua ressurreição. Receber, como você recebe João, quando Ele diz: "Mulher eis aí teu filho, filho, eis aí tua mãe." Você é a Mãe de Deus. Maria, cheia de graça, eu não a vejo, eu a sinto. Você é.

Neide Monteiro Peluso
Equipe 24, Setor D, São Paulo

(texto extraído da Carta Mensal ENS-CM-1981-3 de Março de 1981)

sábado, 28 de janeiro de 2017

Magnificat


Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - 28/01/2017

Família orando


"Nos primeiros anos de vida da criança, lançam-se a base e o fundamento do seu futuro. Por isso mesmo devem os pais compreender a importância de sua missão a esse respeito. Em virtude do bat'smo e do matrimônio, são eles os primeiros catequistas de seus filhos: de fato, educar é continuar o ato de geração. Nesta idade, Deus passa de modo particular "através da intervenção da família" (Diretório Catequético Geral, n.0 79). 

As crianças têm necessidade de aprender e de ver os pais que se amam, que respeitam a Deus, que sabem explicar as primeiras verdades da fé, que sabem apresentar o "conteúdo cristão" no testemunho e na perseverança "de uma vida de todos os dias vivida segundo o Evangelho" (Catechesi Tradendae, n.0 68.

O testemunho é fundamental. A palavra de Deus é eficaz em si mesma, mas adquire sentido concreto quando se torna realidade nas pessoas que anunciam. Isto vale de modo particular para as crianças, que ainda não têm condições para distinguir entre a verdade anunciada e a vida daquele que a anuncia. Para a criança, não há distinção entre a mãe que reza e a oração; mais ainda, a oração tem especial valor porque é a reza da mãe.

Não aconteça, diletíssimos pais que me ouvis, que vossos filhos cheguem à maturidade humana, civil e profissional ficando crianças em assuntos de religião. Não é exato dizer que a fé é uma opção a fazer-se em idade adulta. A verdadeira a.pção supõe o conhecimento; e nunca poderá haver escolha entre coisas que não foram sábia e adequadamente propostas.

Pais catequistas, a Igreja tem confiança em vós, ela espera muito de vós."

Este é na íntegra o artigo "PAIS CATEQUISTAS", da Carta Mensal ENS-CM-1981-2 de abril de 1981, para nosso auxílio na vivência diária dos PCE.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - 27/01/2017

Casal orando junto


"Estamos casados há um ano, e rezar juntos tornou-se para nós uma necessidade. Quando adormecemos sem fazê-lo, parece-nos que falta uma pedra no edifício do nosso dia.

Quando éramos noivos, já rezávamos juntos algumas vezes. Com o casamento, passamos a encontrar um conteúdo muito maior nesses momentos de oração a dois.

A fórmula que adotamos é muito simples. Pedimos a Nossa Senhora que nos introduza na oração, e sentimos o benefício imediato dessas palavras, ditas lentamente: "Ave, cheia de graça ... " Confiar-nos à Mãe de Deus permite-nos falar livremente com Deus, mesmo na presença do outro. Maria vence em nós o respeito humano e a timidez.

Depois, lemos algumas linhas do Evangelho, de um Salmo ou mesmo- de algum livro. No silêncio, ressoa em nós o sentido das palavras, dos acontecimentos do dia, das pessoas que encontramos. Juntos os apresentamos ao Amor de Deus.

Os benefícios são muitos. Orar diante do outro é tornar-se mais transparente, já que se diz tudo a Deus. Faz com que a gente se conheça mais profundamente, pois diante de Deus tira-se a máscara, não se tem segredos.

Através do melhor conhecimento que adquirimos do outro, Deus nos diz: - Hoje, ele (ela) precisa de determinada atenção; é desta ou daquela forma que você deve amá-lo (a). Faz-nos compreender o estado profundo da alma do outro, na sua pureza, sua vontade de amar, suas dificuldades.

Mais de uma vez pudemos constatar que a oração opera milagres. Quebra as barreiras, apaga o rancor, ajuda a perdoar imediatamente, e bem melhor, e bem além do que se achava possível. Cura as feridas, e sem deixar rastros. Isto não pode vir de nós mesmos!

"Se não se edifica sobre a rocha . .. " Pelo sacramento do matrimônio, Deus nos ligou um ao outro e a Ele. No dia em que nos comprometemos um com o outro, prestou juramento conosco. Sabíamos disto, mas a oração torna essa noção real e viva. Mergulhamos novamente nessa alegria, feita da certeza da indissolubilidade de nossa união. Sentimos verdadeiramente o rochedo de Deus debaixo de nossos pés. Esta graça, tão palpável no dia do nosso casamento, nos é dada novamente quando a pedimos. Ela é mais forte do que as rusgas que podemos ter. Por isso sentimos que nos falta algo se apagamos a luz sem entregar-nos antes a Deus. Dificuldades, existem algumas. Se nosso dia foi difícil, cheio de preocupações para os dois, somos duas pessoas que procuram em vão harmonizar-se. Se não nos abrirmos antes a Deus, pessoalmente, o clima de amor estará ausente. Por isso, ambos fazemos quinze minutos de oração pessoal antes da oração conjugal.

Nossos gostos são diferentes. Um gostaria de rezar por mais tempo e de modo mais entusiasta. O outro prefere o silêncio. A preguiça também pode pôr tudo por terra, se um dos dois lembra: "Hoje, é muito tarde, amanhã ... " ou então: "Nós já fomos à missa hoje ... ", e o outro lhe der ouvidos. Concluindo, sentimos que a oração constrói nosso amor de uma maneira inesperada e infinita. Quando pedimos a ajuda de Deus, Ele nunca nos responde como imaginamos. Transforma nossas diferenças e tira seu peso de obstáculo. Sem Deus, só faríamos "fabricar" nós mesmos, penosamente, o nosso amor e depressa nos cansaríamos. É Ele quem inventa sempre algo de novo e sopra a chama do amor em nossos corações. Com Ele, por que haveríamos de temer um engajamento por toda vida, se cada dia é Sua invenção?"

Este é na íntegra o artigo "PORQUE REZAMOS JUNTOS ", da Carta Mensal ENS-CM-1981-2 de abril de 1981, para nosso auxílio na vivência diária dos PCE.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - 26/01/2017

Oração de mãe

"Neste dia que começa, Senhor, 
venho pedir-vos paciência e um aumento de amor. 
Aceito a atividade, mas temo a agitação. 
Com alegria recebo o trabalho, porém assusta-me a confusão. 

No meio do incessante labor cotidiano, 
dos ruídos, das lutas, alegrias, 
cansaço ou desalento, não me esqueça em um só momento 
de que dentro de mim trago sempre o Deus da paz. 

A qualquer instante tudo posso deixar 
para penetrar neste Reino interior 
onde coisa alguma pode me atingir 
porque ali a Trindade habita. 

Nada muda exteriormente: 
trabalhos, ruídos, cansaço latente. 
Mas, como quem medita no interior de uma cela, dentro de mim eu entro, 
junto de alguém que ali sempre vela, aguardando-me com amor. 

Neste dia que começa, 
venho pedir-vos paciência, Senhor. 
Em vós refaço as minhas forças, 
em vós renovo o meu ardor. 

Bendito seja o Senhor eternamente. Amém."

Esta é na íntegra o artigo "ORAÇÃO DA MANHÃ DE UMA MÃE DE FAMILIA", de Maria Cecília Duprat, da Carta Mensal ENS-CM-1981-1 de março de 1981, para nosso auxílio na vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Orar em línguas, dançar e saltar acrobaticamente ou entrar em uma casa pelo teto...

Espírito Santo de Deus


É um pouco difícil para mim entender a "oração em línguas" como hoje é praticada. Confesso que já foi mais difícil ainda, e cheguei a ser um questionador de tal prática, e ter longos debates com minha esposa, que a defende como um dom de Deus para nós.

Mas não vou falar do que me levou a questionar ou das dificuldades que tenho em vivenciar. Vou falar do caminho que estou percorrendo para não ser um homem de coração duro, que não aceita algo por falta de compreensão ou por soberba, arrogância, auto-suficiência, ou qualquer outro sentimento que não condiz com o "Vem e Segue-Me" que me foi dirigido por Cristo através dos irmãos.

Nisso tem me ajudado bastante a escuta atenta da palavra de Deus. Às vezes os versículos da Bíblia são aqueles mais improváveis, que parecem não ter nenhum vínculo com o assunto, mas se revelam de grande auxílio quando consigo meditar sob a Luz de seus ensinamentos.

Ainda não encontrei na Bíblia algo que me esclarecesse diretamente a "oração em línguas", mas já tive várias pistas de como abrir meu coração para me permitir viver tal experiência, se for uma necessidade para minha vida pela Graça de Deus.

Uma passagem, ainda no antigo testamento, fala do Rei Davi dançando em meio ao povo e à frente da Arca da Aliança, oferecendo a Deus toda a sua alegria por ela estar retornando para Jerusalém (2Sm 6:13). Não consigo deixar de pensar que isso também é "orar em línguas", ou seja, uma manifestação efusiva daquele que, repleto de alegria e cheio do Espírito Santo, não consegue exprimir todo o louvor que deseja dedicar a Deus de outra forma, a não ser dançando, pulando acrobaticamente, girando, sorrindo e amando. Imagino que nenhum gesto de Davi, naquele momento, fosse premeditado, calculado ou medido.

Tudo isso era espontaneamente lindo e maravilhoso. Mas eu dessa forma agora, lendo sobre isso nas Sagradas Escrituras, sabendo de um contexto muito maior que o simples e maravilhoso contexto daquele momento. Algo novo aconteceu, e foi realizado por um rei. Algo que deve ter causado nas outras pessoas espanto e admiração, alegria e vontade de fazer igual, mas também, em outras pessoas, repulsa e desprezo, vergonha e inveja.

O rei poderia exigir que todos dançassem com ele naquele momento, ou baixar um decreto depois exigindo que isso fosse feito sempre que se quisesse louvar a Deus, mas não seria natural. Ele ainda poderia ter ensinado isso a outras pessoas, e espalhado pelo reino para todos os que quisessem, e talvez tivesse conseguido estabelecer um reino que dança, e talvez muitos de nós dançaríamos mais hoje diante do Senhor, assim como cantamos, de forma natural; mas mesmo assim não seria algo para todos.

Nem todo mundo teria a necessidade ou o desejo de dançar, e não por isso deixaria de ter o seu jeito próprio de se aproximar mais de Deus, louvando-o com todo ardor do coração; incomparável com a dança de Davi, pois não dá para se comparar ou medir o amor.

Já no Novo Testamento, vemos algumas pessoas baixando um paralítico pelo teto de uma casa, para que ele pudesse chegar até Jesus (Mc 2,1-12). Novamente não posso deixar de pensar que isso também é "orar em línguas", ou seja, encontrar um caminho novo - certamente arriscado e um tanto radical - para chegar até Deus, mas aceito com alegria por Seu coração acolhedor.

Aqueles homens foram movidos por um impulso diante da impossibilidade, e não foram repreendidos por Jesus. Ao contrário disso, o paralitico recebeu atenção imediata e teve uma cura muito maior que a parte física; foi perdoado e curado também em Espírito.

É possível imaginar a reação das pessoas criticando ou desejando fazer o mesmo; admirando, se surpreendendo ou querendo impedir que aquilo acontecesse.

Certamente uma ação como essa não é para todos também. As pessoas que estavam aos pés de Jesus não pensariam em algo assim. Poderia haver ali alguém que nem mesmo estivesse vendo Jesus devido à multidão, mas sua fé era tão grande que bastava ouvir a voz do Senhor ou saber e sentir sua presença para também obter essa cura maior. Não dá também para se comparar os meios e as necessidades, pois é impossível se medir a pobreza de uma alma que precisa estar na presença de Deus, que anseia por Seu amparo e justiça, amor e misericórdia.

Não há uma fórmula mágica para se chegar a Deus. Existem sim caminhos que outras pessoas já percorreram ou percorrem e que podemos também trilhar, mas nada é garantido, a não ser a nossa disposição em amar mais, e os braços abertos de Deus sempre prontos a nos receber. Eu já tive a alegria de sentir a presença mais intensa do Espírito Santo, algumas vezes na missa, mas outras vezes também em lugares improváveis, como dentro de um ônibus olhando para o céu azul através da janela, por exemplo. Em todas elas meu coração se encheu de uma alegria indescritível, e todo o meu ser se modificou por um instante. Algumas vezes chorei, outras sorri, em todas elas louvei e agradeci.

No inicio já tentei reviver alguns desses momentos, fazendo as mesmas coisas de antes, mas nunca é igual. Desisti de agir desse jeito, afinal poderia estar dando mais valor a esse sentimento maravilhoso do que à fé que tenho que Jesus Cristo está comigo o tempo todo, que sou templo do Espírito Santo e que Sou de Deus acima de qualquer coisa.

Sinto que tudo depende muito mais da manifestação do amor e da vontade de Deus do que de meus próprios esforços, e também que preciso mudar muitas coisas em mim para ser o homem que Deus moldou ainda no ventre de minha mãe.

A oração sincera é algo maravilhoso em minha vida, às vezes silenciosa, às vezes efusiva, às vezes suplicante... Na verdade não tenho regras para conversar com Deus, e só sei que é fundamental para mim continuar orando. Talvez um dia essa oração possa ser em "línguas" também.

André da Mônica
ENS Piabetá

Apoio: Padre Antônio Augusto Oliveira - Paróquia São Sebastião de Piabetá

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Tentação, provação e autoridade

Tentação, provação e autoridade

É complicado ouvir alguém dizer "vou sair das Equipes de Nossa Senhora", principalmente quando passo a conhecer os motivos, que, na maioria das vezes, não seriam suficientes sequer para pensar em desistir de coisas mais simples e fáceis de abandonar, quanto mais de algo tão sério quanto uma escolha de vida.
Não falo de pessoas que estão começando agora, descobrindo o sentido do chamado, nem tampouco das que param para refletir sobre o caminho que escolheram e, por meio de um chamado maior, ou de uma mudança significativa de vida, não podem continuar ou decidem seguir outro caminho.
Falo das pessoas que deixam facilmente sair de suas bocas, ou entrar em seus corações, algo tão incoerente e perturbador: pura tentação.
Por muito tempo fiquei pensando a respeito e, na busca em compreender melhor tal atitude, procurei confrontá-la com aspectos de vida, meios, circunstâncias e maturidade. Vi que muitas vezes tal atitude vem em tom de tristeza, mágoa, decepção, falta de fé, sentimento de incapacidade, etc. Mas quase sempre vem, em tom de ameaça; contra o cônjuge, contra a equipe, contra um outro casal, contra o setor, contra o movimento,  contra a própria igreja; mas dá para ver claramente que é uma ameaça contra a própria pessoa e carregada também de muitos dos primeiros sentimentos, que ela própria quer esconder ou não sabe lidar.
Mas aí podem me questionar - eu mesmo o fiz - isso sempre é provocado pela própria pessoa? Não terá aí uma "culpa" grande naqueles que sofrem a "ameaça"?
A resposta vem com outras perguntas que a própria pessoa deveria se fazer: afinal, não estamos juntos por isso mesmo, para lutarmos juntos para melhorar e nos ajudarmos a compreender e fazer a vontade de Deus? Não estamos sendo egoístas, pensando somente em nossas próprias vidas, e abandonando a missão que o Senhor nos confiou? Se pensamos em abandonar algo que ainda não vivemos plenamente, já não fizemos isso antes ou faremos de novo, perdendo as oportunidades que Deus põe em nosso caminho?
É comum se pensar na palavra provação como sinônimo de dificuldade de vida (saúde, relacionamento, perdas, etc). Mas existem também as provações que nos pegam no conforto, segurança e tranquilidade. Mas geralmente podemos chamar de provação a luta intensa contra as tentações que nos atacam, as vezes sem percebermos.
Um diálogo incrível que está na bíblia põe Jesus Cristo e Pedro em meu auxílio na busca em compreender tudo isso (Mateus 16, 16-24): Pedro é "exaltado" e "humilhado" à vista dos homens, porém escolhido e corrigido à vista de Deus. Jesus exerce sua autoridade quando faz a promessa (Tu és Pedro...), e também quando repreende a tentação pela qual Pedro foi dominado (Afasta-te de mim...).
Ai de muitos de nós passar por tal diálogo com Jesus, talvez abandonássemos tudo, inclusive a nós próprios naquele dia no qual Deus nos promete algo maravilhoso e muito maior do que podemos imaginar, e simplesmente não conseguimos compreender.
Confiemos sempre na autoridade Daquele que tem autoridade: nosso Senhor Jesus Cristo. Eis aqui um que vos fala, de quem Deus já resgatou de muitas tentações quando deixou que essa autoridade falasse mais alto que qualquer tentação. O caminho é longo, e muitas provações ainda podem vir. É necessário orar e vigiar, sossegar e buscar, compreender, acalmar, acreditar, se esforçar, vivenciar... Abrir o coração para essa confiança na autoridade de Deus. Tudo fica mais fácil quando temos a ajuda de outras pessoas que também querem esse equilíbrio no Senhor. O caminho não se vive sozinho e depende muito mais da vontade de Deus do que do nosso querer, mas este último tem que se manifestar sempre.
Queiramos juntos, sem abandonar as promessas. Confiemos que Deus trabalha conosco, buscando nossa cooperação em nosso próprio caminho para a Santidade.
Meu Senhor e meu Deus, eu confio em vós e na sua autoridade. Permita Senhor que eu possa viver sob o seu domínio, que me liberta para que eu seja verdadeiramente livre. Deus de bondade e misericórdia, Senhor de minha vida, eu te agradeço por todo o amor que demonstras em cada dia, o tempo todo. Perdoa as vezes que deixei que a tentação fosse mais forte e não soube passar pela provação. Tudo o que fazes, tudo o que És, é pura verdade e amor. Sob o Seu amparo quero viver, pois eu nada sou se não estou perto de Ti.
ENS Piabetá

Carisma, Mística e Espiritualidade

"palavras de Paulo VI, no discurso às Equipes de Nossa Senhora, por ocasião da peregrinação de setembro de 1976:

O casamento é igualmente um testemunho que se dá e uma missão que se cumpre. E, por estas dimensões, a instituição familiar está voltada para o exterior, para os outros, é feita para o bem alheio. Por conseguinte, a família, enquanto tal, deve procurar ter um valor evangelizador e missionário. Ela realiza esta missão esforçando-se por dar um testemunho real de vida cristã e por se tornar, assim, cada vez mais, um apelo a acolher a Boa Nova do Evangelho.

...Muitos lares vos ficarão gratos pela
ajuda que assim lhes haveis de dar. Efetivamente, hoje, a maior parte dos casais têm necessidade de ser ajudados.

...Continuai a ser o que vos propusestes desde o primeiro dia, mantendo a vossa vocação de verdadeira escola de espiritualidade para os casais, profundamente fiéis em todos os campos - doutrinal, litúrgico e moral - ao Magistério da Igreja".