sexta-feira, 31 de março de 2017

A ORAÇÃO CONJUGAL

A oração comunitária tem um lugar predominante na Igreja. E dentro da Igreja o primeiro escalão é a pequena comunidade formada pelo casal Para a pequena célula como para a grande Igreja, a primeira função é o culto. Consagrados não só um ao outro, mas também a Cristo, pelo sacramento do matrimônio, marido e mulher, como casal, devem um culto a Deus, cuja primeira manifestação é a oração conjugal. 

A oração conjugal representa para eles este momento diário dedicado especificamente a Deus - assimilando-se por analogia à liturgia das horas dos consagrados. É no sacramento do matrimônio que encontramos o verdadeiro sentido da oração conjugal como culto devido a Deus pela comunidade conjugal: pelo sacramento, Cristo faz aliança com o casal, se compromete com ele, o assume totalmente. Diz o texto do caderno n° 7 sobre a oração conjugal: "Quando Cristo une pelo sacramento um homem e uma mulher, é para fundar um santuário, que é o casal cristão, onde Ele, Cristo, poderá celebrar, com esse casal, o grande culto filial de louvor, de adoração e de intercessão que veio instaurar na terra ..." 

O culto é pois, um dever do casal, pela própria pertença a Cristo. Os dois são um do outro, mas são de Cristo. Esse momento em que se unem para orar permite retomar incessantemente consciência deste incrível favor divino, deste privilégio da presença de Cristo no nosso casamento. E assim dar graças e louvar a Deus por isso.

Um dos efeitos é ajudar-nos a viver em ação de graças, como manda São Paulo. Gostamos muito daquela passagem de Col. 3, 12-17, principalmente, no que ora nos interessa, os versículos 15-b e 16: "Sede agradecidos. A Palavra de Cristo habite em vós ricamente: com toda sabedoria ensinai e admoestai uns aos outros e, em ação de graças a Deus, entoem vossos corações salmos, hinos e cânticos espirituais." Sempre aplicamos esta passagem à equipe, mas parece-nos aplicar-se maravilhosamente também ao casal, na oração conjugal! 

O como é deixado à criatividade de cada um, mas parece-nos que o esquema normal de uma oração conjugal deveria ser: 

- a escuta, juntos, de Deus: a) escutamos primeiro silenciosamente Sua presença em cada um de nós e entre nós como casal; b) escutamos em seguida a Sua Palavra; c) calamo-nos juntos, deixando que esta Palavra ressoe em nós; d) fazemos um exame de consciência sobre o dia que passou, à luz da Palavra que ouvimos e meditamos; 

- nossa resposta à Palavra, nosso diálogo com Deus diante do outro (contrição, louvor, ação de graças), nosso diálogo um cem o outro diante de Deus (renovar do amor, pedido de ajuda, 
etc.); 

- a intercessão: apresentamos a Deus nossas dificuldades, individuais e como casal, nossos filhos e seus problemas, os outros e seus problemas, o mundo e seus problemas. 

Isto é claro, nem sempre é fácil. Há o respeito humano, que não nos deixa abrir totalmente a alma diante do outro, embora saibamos que é outro "eu"! Há também o cansaço, uma certa má vontade quanto temos outra coisa "mais importante = urgente" a fazer. E, é claro, as rusguinhas da vida, que fazem com que nem sempre cheguemos à oração conjugal com a disposição necessária -às vezes nem há clima! Nesses momentos, devemos pelo menos rezar um Pai Nosso, demorando-nos nos "perdoai-nos as nossas ofensas" e invocar a Mãe da Misericórdia com uma Salve Rainha, por exemplo. "Não se deite o sol sobre a vossa ira", diz-nos o Evangelho. A oração conjugal parece-nos uma boa oportunidade para que não aconteça de dormirmos "brigados". Sempre um dos dois terá que engolir o seu orgulho e pedir perdão ao outro, mesmo tendo a absoluta certeza de que ele está com a razão ... Só para que "o sol não se deite sobre a nossa ira"! 

Vale a pena agora uma palavra sobre os benefícios da oração conjugal, embora pareçam óbvios. Dizer que une mais o casal seria quase pleonástico, pelo exposto no início: aprofunda o amor, exatamente porque é uma volta às fontes. Parece-nos ser a oração conjugal o grande momento em que a gente se lembra de que está unida por um sacramento, que Cristo está realmente no meto de nós como casal, e isto é um renovar da graça sacramental. Além disso, se cada um abrir realmente a sua alma, a oração conjugal trará um conhecimento mais profundo do outro, num nível elevadíssimo. Finalmente, envolve numa paz, numa serenidade muito grande, pela sensação de termos entregue tudo a Deus - nossos problemas e os dos outros -, como que uma sensação de termos re-encontrado a Ele como Pai. Sentimo-nos também profundamente reconciliados para além das inevitáveis rusgas da vida diária. No fundo, é como o beijo que o filho recebe da mãe antes de dormir: pacifica, conforta e o filho adormece tranqüilo.

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-9) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 31/03/2017

A VIRGEM MARIA SEGUNDO MARTINHO LUTERO

Acabam de celebrar-se os quinhentos anos do nascimento de Martinho Lutero (10/11/1483). A Igreja católica associou-se às comemorações num espírito de ecumenismo, procurando destacar os aspectos positivos da personalidade do iniciador da Reforma - uma pesquisa, aliás, à qual se vêm dedicando numerosos estudiosos em nossos dias. 

São palavras do Cardeal Willebrands, Presidente do Secretariado para a Unidade dos Cristãos na 5° Assembléia Geral da Federação Luterana Mundial: "Quem poderia negar, hoje, que Martinho Lutero era uma personalidade profundamente religiosa e que ele buscava, com sinceridade e dedicação, a mensagem do evangelho? Quem poderia negar que ele, embora importunasse a Igreja Católica Romana e a Sé Apostólica - não se pode negá-lo, por amor à verdade -, conservou notável parte do patrimônio da antiga fé católica? Acaso o Concílio Vaticano lI não cumpriu reivindicações que, entre outras, foram apresentadas por Martinho Lutero e pelas quais, agora, vários aspectos da fé e da vida cristã expressam-se melhor?"

Um aspecto particularmente importante, e bastante ignorado, parece-nos, é a devoção que Lutero sempre conservou em relação à Virgem Maria. Escreve o Pastor Roger Schutz, Prior da Comunidade de Taizé, na introdução de memorável edição ecumênica dos "Comentários sobre o Magnificat" ("O Magnificat", Martinho Lutero, Editora Vozes, 1968) : "Ele venerava aquela que foi a primeira a crer em Cristo, a primeira a pronunciar o sim e o amém de um coração fiel, aquela que, por virtude do seu consentimento, refletiu em si a perfeição de Cristo."

Eis como Martinho Lutero falava de Maria:

O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a Virgem Maria que, além de ter nascido de uma estirpe real, é também mãe de Deus, a mulher mais importante da terra? No meio de toda a cristandade, ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientemente exaltada; a imperatriz e a rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade. 

Esta única palavra 'mãe de Deus' contém toda a sua honra .. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exaltá-la, dirigindo-se a ela, mesmo que tivesse tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus é preciso avaliar e pesar esta palavra no coração. 

Ao falar das 'maravilhas' que Deus realizou em prol dela, Maria faz alusão unicamente à sua maternidade divina. Esta graça inicial faz-nos compreender todos os outros favores, tão numerosos e tão sublimes, que lhe têm sido concedidos por Deus. Resume aquilo que constitui sua honra e sua felicidade. Permite-nos compreender por que Maria ocupa um lugar único e absolutamente excepcional à frente da humanidade. Quem a poderia igualar? Ela é a mãe de Jesus, que tem por Pai o Todo-Poderoso!. . . Maria é 'mãe de Deus', seu primeiro título de glória, que engloba e resume todos os outros. Não podemos sequer imaginar um título mais excelso do que este, e todos os demais não seriam nada ao lado dele, mesmo que fossem tão incontáveis como as estrelas do céu ou a areia do mar. Somente uma meditação silenciosa e prolongada pode permitir-nos aprender o que de extraordinário se encerra neste privilégio de Maria.

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-9)

ENS Piabetá - Tesouros da Carta Mensal

quinta-feira, 30 de março de 2017

OBRIGAR-SE...

Há dois anos tenho a alegria de partilhar a vida de uma Equipe de Nossa Senhora: convidado a dar as minhas impressões de recém-chegado no movimento, tenho perfeita consciência das suas limitações, mas dou-as de boa vontade, pois esta experiência fez-me descobrir as riquezas de um movimento demasiado ignorado. 

Através das reuniões mensais, que eu vejo chegar com prazer, foi-me necessário descobrir o espírito deste movimento, familiarizar-me com a "giria" interna e digerir a noção de "meios de aperfeiçoamento" ... em suma, todos os meios propostos para permitir ao amor humano assumir-se como "caminho de santidade".

Interessado e ao mesmo tempo surpreso, vivi as reuniões num ambiente de amizade e de simplicidade que faz qualquer recém-chegado sentir-se à vontade. Depois da refeição, é o momento do por-em-comum e da Palavra de Deus: preparada por cada um, esta coparticipação é um momento privilegiado para o encontro pessoal com Cristo: também aí todos se sentem a vontade. Vem a seguir a partilha dos meios de aperfeiçoamento. Sente então como que uma ligeira flutuação ... ai! Incomoda constatar que, mais uma vez vai ser preciso repensar seriamente nossos compromissos para o próximo mês! Estamos sendo fiéis a essas pequenas coisas; não estamos sendo? Será isso o essencial? Rapidamente a partilha desemboca no tema de estudo - e agora respira-se mais descontraído ... 

Contudo, eis que, observador atento, eu me interrogo: dever de sentar-se, de rezar, de se alimentar com a Palavra de Deus...- isto não é algo específico das Equipes de Nossa Senhora! São coisas minhas, de todo cristão! Tentem fazer voar um avião sem escala técnica; fazer um carro andar sem, de tempos em tempos, o levarem à oficina para uma revisão, verificar seu estado, calibrar os pneus, que puxam para a esquerda ou para a direita. Tentem construir a sua casa sem verificar os alicerces, sem cavar até a pedra! 

Fiéis a estas pequenas coisas? "Bom e fiel servo, foste fiel em poucas coisas, confiar-te-ei muitas". Trata-se de sermos o nosso próprio mecânico, o que vela pela sua máquina, o que tem tempo de fazer o diagnóstico! Mas falta sempre um instrumento, o conhecimento desta ou daquela peça, a ajuda de alguém ... 

O movimento das Equipes de Nossa Senhora oferece, parece-me, este apoio para conservar-se na boa direção - ajudar-se mutuamente para progredir no amor de Deus, do cônjuge e dos outros. O espírito que o anima pretende ser reflexo do Espírito que santifica. Não serão os meios de aperfeiçoamento essas etapas na viagem que nos obrigam a meter o nariz na nossa própria vida? Meios, sem dúvida, mas "sinais tangíveis" que permitem verificar a nossa fidelidade ao movimento - melhor, ao próprio Deus -, evitando que se criem ilusões. 

O movimento não se confunde, por certo, com os meios de aperfeiçoamento. Mas, para amar como Ele nos amou, haverá outro caminho que não o de dar a vida pelos amigos?

Pe. Bernard Boussaud

A santidade não é uma. virtude, nem são as tuas virtudes. A santidade não são as tuas mais excelentes qualidades, teus mais heróicos sacrifícios, tua perfeição...
A santidade sou eu, Deus, presente em ti, homem. (MARIE-NOEL)

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-8) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 30/03/2017

quarta-feira, 29 de março de 2017

A ASCESE - UMA REFLEXÃO OPORTUNA

Embora seja uma das nossas orientações de vida, a ascese não é muito praticada em nossas equipes, principalmente porque mal entendida. São poucos os que atentam para a estreita relação que existe entre ascese e regra de vida, por exemplo. A. fase preparatória do Sínodo veio lançar nova luz sobre esse aspecto da ascese na vida do cristão.

Entre as "formas cotidianas de penitência", cujo objetivo é "reparar as conseqüências do pecado e cooperar na renovação do mundo inteiro", constavam do Documento preparatório não apenas o jejum e a esmola, a oração pessoal, mas também: a renúncia a si mesmo e a humildade, o domínio de si e o controle das paixões, o exercício da paciência - tudo isso é ascese. . . - a livre aceitação das provas e dificuldades da vida dos sofrimentos e das enfermidades - também é ascese ... - o desempenho, 
"com fidelidade e diligência", das próprias tarefas - ainda é ascese ... 

Lembrando que o lar é "o lugar do perdão cotidiano", onde "as pequeninas iniciativas de reconciliação nos pormenores da vida cotidiana" nos preparam para as grandes tarefas da família no mundo de hoje, o Documento apontava outro campo para a ascese na vida familiar: "educar para um estilo de vida· simples, com o qual se exprimam as bem-aventuranças da pobreza, da misericórdia e da benignidade". 

A fidelidade à oração conjugal e familiar também é uma forma de ascese: "Em suas fórmulas singelas, a oração em comum e a fervorosa liturgia doméstica parecem muito úteis para cele-brar na vida familiar o Evangelho da reconciliação, para fomentá-lo pelo perdão mútuo e exercitá-lo nas práticas cotidianas de penitência, como ainda no verdadeiro diálogo entre as gerações" - diálogo esse que constitui em si uma forma de ascese, pelas dificuldades que comporta e a importância de que se reveste.

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-8) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 29/03/2017


Definição de ascese:

ascese
substantivo feminino
  1. 1.
    fil na filosofia grega, conjunto de práticas e disciplinas caracterizadas pela austeridade e autocontrole do corpo e do espírito, que acompanham e fortalecem a especulação teórica em busca da verdade.
  2. 2.
    rel no cristianismo e em todas as grandes religiões, conjunto de práticas austeras, comportamentos disciplinados e evitações morais prescritos aos fiéis, tendo em vista a realização de desígnios divinos e leis sagradas.
  3. ...

(Fonte: pesquisa no Google pela palavra ascese)

----------------

"A "ascese" significa a disciplina necessária para "buscar as coisas da terra". Não somos anjos. A segunda parte do pai-nosso é um roteiro de "ascese" para nós, comuns mortais. Pedimos o pão de todo dia, conquistado pelo suor e pelo trabalho. Combatemos toda preguiça. Nos compromentemos a viver em fraternidade, perdoando o que for necessário e pedindo perdão a Deus. Suplicamos que o Senhor nos preserve em pé na hora da tentação e que nos liberte de todo o mal.

A QUINTA CESARIANA

Lembram-se de que um dos dois devia morrer? (Cf. Carta Mensal de maio p.p.) e de que o marido viu-se diante da mais terrível alternativa para um ser humano: - Quem você quer? sua esposa ou seu filho? 

Mas a última orientação encontrada junto à autoridade médica mais abalizada no assunto previa a possibilidade de se conduzir a gravidez até o 7° mês. Então seria possível salvar a ambos. 

Ana passou a viver sob cuidados especiais do ginecologista e do especialista em ultra-som. Através desse aparelho, cada 15 dias o olhar experiente do médico acompanhava nitidamente o desenvolvimento do nenê e a resistência do útero, que poderia romper-se com o crescimento da criança, prejudicado que fora pelas 4 cesarianas. Por isto, apesar de todos os cuidados, esta continuava a ser uma gravidez de alto risco, incluído o perigo de descolamenta da placenta. 

Entraram em jogo todos os recursos da ciência e da fé. Inúmeros grupos de oração em atividade. Só em S. José do Rio Pardo, umas 800 pessoas presentes às conferências da Semana da Família comprometeram-se a orar até o nascimento esperado. 

Quarto mês da gravidez, uma notícia alarmante: a Ana com uma perigosíssima hemorragia. 

- Meu Deus, o Senhor já se manifestou e sabemos que não costuma parar no meio do caminho ... 

Sessenta dias de imobilidade na cama, seguindo à risca as prescrições médicas. E o fantasma passou! E o médico pelo ultra-som notou surpreendido que, com o crescimento do nenê, as paredes do útero, ao invés de se afinarem, passaram de 12 para 14 milímetros de espessura!! As leis físicas entraram em férias ... 

Mais uma novidade, noticiou o doutor: - Vai ser um menino. Com o tempo, o útero foi mantendo a média de 8 a 10 milímetros. Mas continuava o estado de risco tanto para a mãe quanto para o filho e a Ana sentia contrações de assustar. Visando a um fortalecimento maior no espírito e até no físico, ela pediu a Unção dos Enfermos. Ao ouvir a leitura ritual da epístola de S. Tiago, veio-lhe a idéia: - Meu filho se chamará Tiago. 

Entrou o 7° mês. Os médicos atentos. Entrou o 8° mês. Normalidade fora de programa. Entrou o 9° mês. Daqui por diante, a qualquer hora pode vir o filho, que não necessitará de incubadeira para completar seu tempo normal. 

- Obrigado, meu Deus, o Senhor foi além dos nossos pedidos! 

Toca o telefone. Ovídio atende e volta-se para a esposa: - Meu bem, em vez de quarta-feira, o ginecologista está pedindo o ultra-som amanhã, segunda-feira, porque deverá viajar em seguida. 

Segunda-feira, sob o aparelho: - Faremos hoje a cesariana. As paredes do útero diminuí-ram para 2 milímetros de espessura. Tivéssemos deixado para quarta-feira, teria havido o temido rompimento, com conseqüências fatais. 

- Obrigado, meu Deus, por se fazer presente na ação dos médicos. Mais um sinal de que o Senhor não para no meio do caminho! 

Durante a operação, quando as mãos do ginecologista alcançaram o bebê, o último susto: ele ingeria o líquido amniótico: sinal de que havia começado o rompimento do útero! 

- Obrigado, meu Deus!

Neste memorável dia, o encanto do Natal explodiu no lar de quem confiou inteiramente nos recursos da ciência e no poder da oração. No dia seguinte, a Ana caminhava ereta, com a segurança de quem saiu de um pesadelo arrasador. 

"Minha alma glorifica o Senhor; exulta meu espírito em Deus, meu Salvador: ele voltou os olhos para a humildade de sua serva; doravante todos que me conhecem me chamarão feliz e abençoada... O Poderoso fez em meu lar maravilhas; santo é seu nome. Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o amam! 

Pe. Mário Zucchetto 
Conselheiro Espiritual da Equipe 10 de Campinas

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-7)

ENS Piabetá - Tesouros da Carta Mensal

Acesse aqui a primeira parte desta linda história: https://ens-piabeta.blogspot.com.br/2017/03/um-dos-dois-deve-morrer.html?m=1

terça-feira, 28 de março de 2017

FAMÍLIA EM CRISE: É PRECISO NÃO NOS DEMITIRMOS!

Todos estamos conscientes de que vivemos uma profunda mudança cultural. Mais uma de tantas crises que, como o indivíduo, vive a Humanidade. Crises de crescimento.

Imersas na transformação, pessoas, famílias e todas as instituições sentem-se sacudidas desde o mais profundo de si mesmas, vítimas de movimentos pendulares que nos desconcertam. 

Neste contexto, talvez nenhuma dor se possa assemelhar à dos pais que vêem seus filhos submergidos nestas flutuações, manipulados por "forças" contra as quais não sabem como lutar, filhos que vêm e se vão sem saber para onde, que não correspondem ao que deles se esperava, que menosprezam até os próprios pais ... 

Geração de pais "programados" na culpa, que se sentem responsáveis, afogados sob o peso de sentimentos de angústia por ''não terem feito o suficiente", por "não terem sabido como agir" . . . 

Casais que, além de padecer nas suas próprias pessoas os estremecimentos da mudança, se vêem impotentes diante dos filhos e, com freqüência, por causa deles, divididos entre si. Descarregam um no outro as responsabilidades e, inconscientemente, as culpas. 

Quem não conhece casais nestas situações? E diante disso, que pensar, que fazer? 

Uma crise não é o fim. É o começo de algo novo que todos temos de tentar viver. Ainda que seja nas trevas, tateando, temos de fazê-lo, para que os nossos filhos, pouco a pouco, vislumbrem essa luz, esse "algo novo", e depois o vivam. 

Algumas reflexões podem nos ajudar: 

1. Não percam de vista que cada vida é uma história, mais ou menos longa, cujos protagonistas são essencialmente a pessoa e Deus, e na qual todos deixam uma marca. Dêem tempo aos seus filhos e não deixem de crer neles. Não se podem demitir, não podem dizer: não há nada a fazer. Ah! - e não deixem de crer em Deus, no Seu poder!

2. Conservem firmemente a sua conjugalidade. Dediquem-lhe todos os esforços que ela requer, os melhores. Que vocês se amem um ao outro, que se conservem solidamente unidos, inquebrantavelmente fiéis um ao outro em cada momento da vida com seus altos e baixos, é sem dúvida o argumento mais forte: sem palavras, para seus filhos. 

3. Conservem sempre abertas para eles as portas dos seus corações e das suas casas. Percebam eles que, se vocês se preocupam com eles, é pela sua felicidade, e não porque não viram realizadas as esperanças que neles depositavam. 

4. Criem nas suas casas uma forte e exigente dinâmica de relação inter-pessoal, de por-em-comum. É impensável, hoje, procurar soluções no passado. Há que exigir, e muito, mas a partir da profundidade da relação inter-pessoal sincera. Todas as soluções passam por aqui. 

5. Reflitam juntos sobre o que se passa, mas sempre numa perspectiva de alegria e de esperança, contra todas as aparências. O medo do futuro é um dos ingredientes mais intensos no sossobrar dos nossos jovens. Todo educador deve ser transmissor de esperança. E transmissor de Cristo, a nossa Esperança! 

6. Ajam sempre com coerência. Com a coerência de uma profunda comunhão de amor conjugal e com aquela outra que deve haver entre o que exigimos e o que fazemos. Coerentes, também, com os valores de uma nova cultura, na fidelidade ao Evangelho.

7. Rezem em nome dos seus filhos, mais do que pelos seus filhos. Que seja patente em vocês quererem somente a glória de Deus e a felicidade deles. 

Dirão vocês que é fácil dar conselhos. E eu lhes direi que não. Hoje, menos ainda. Mas há um desafio à nossa frente. E necessitamos estar todos unidos: pouco pode cada um sozinho. Temos de compartilhar as nossas cruzes, mas também as nossas esperanças e reflexões. E, se são muitas as cruzes, não são menos as esperanças. Por isso me atrevi a dizer-lhes estas coisas.

Pe. Manuel Iceta 
(Da Carta espanhola)

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-7) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 28/03/2017

segunda-feira, 27 de março de 2017

DEIXAR-SE CONDUZIR PELA PALAVRA DE DEUS

Lemos no evangelho de São João que, certo dia, dois discípulos, por mera curiosidade, "para verem onde o Senhor morava" (Jo. ·1,· 38), foram até sua casa, ficando · todo 6 dia com Ele . E, nesse diálogo .. espontâneo, amigo e informal com o Mestre, realizou-se o encontro da graça e do chamado de Deus. E João e André ficaram com Jesus, não apenas aquele dia, mas a vida inteira. 

Para Deus, nada é insignificante. Quando tocado por sua mão, tudo se transfigura, e o coração dos que se deixam tocar por Ele transforma-se à magia do seu amor. 

É o Espírito Santo que conduz a Igreja, é Ele também que conduz a cada um de nós pelos caminhos da santificação. 

Deixar-se orientar por Deus; permitir que a sua graça transformadora haja em nós: Eis o que significa a verdadeira sabedoria.

Para isso, duas coisas são fundamentais: a oração e a meditação. 

Seja qual for nosso estado de vida, nada se consegue, na área espiritual, sem o auxílio do Senhor. "Sem mim nada podeis fazer", diz o Cristo (cf. Jo. 15, 5). Convencer-se profundamente que, "sem o contato com o Senhor, não se consegue uma evangelização convincente e perseverante" (Puebla, 726), muito menos uma santificação pessoal que se transforma em testemunho.

Nossa oração deve "converter-se em atitude de vida, de tal sorte que oração e vida se enriqueçam mutuamente: oração que conduza a comprometer-se na vida real, e vivência da realidade que exija momentos fortes de oração" (Puebla, 727) . 

A "integração entre vida e oração" (cf. 729), num perfeito equilíhrio entre nossas atividades pastorais e nosso espaço de intimidade com o Senhor é, sem dúvida, o que mais precisamos conseguir na vida. Nem horizontalismo, nem verticalismo. A integração é a sabedoria. 

- A meditação da Palavra de Deus, confrontando nossa vida com os apelos do Evangelho, será um constante dinamismo a nos inpulsionar para o próximo e para Deus. 

- Nortear nossa vida pelo universo de valores apresentado por Cristo nas Bem-aventuranças.

- Questionar-nos continuamente a respeito da autenticidade de nosso testemunho.

- Iluminar nossas decisões pessoais e comunitárias a partir da cosmovisão que o Evangelho oferece, eis para onde nos deve conduzir a meditação encarnada da Palavra do Senhor. 

Palavra que interpela. 
Palavra que santifica. 
Palavra que compromete. 

Pe. Carlos A. Schmiti 
(Do livro ''Pais conscientes, filhos realizados - O futuro começa em casa - Reflexões. Vocacionais")

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-6) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 27/03/2017

sábado, 25 de março de 2017

A DIMENSÃO EUCARÍSTICA DA PARTILHA

Estamos convencidos de que os meios de aperfeiçoamento são o termômetro de nossas Equipes. A partilha desses esforços, significando entre-ajuda aos nossos irmãos de equipe, pode determinar o seu crescimento e equilíbrio. 

Esses instrumentos que nos são oferecidos pelo Movimento e que nos levam gradativamente à santidade, longe de serem vistos como exigências ou "cobrança" devem ser encarados como verdadeiros dons: são oportunidades que damos a Deus para ficar em nosso meio durante todo o mês. Notadamente quando esses meios chegam a significar sacrifício e renúncia, justamente aí a mão carinhosa de Deus nos é estendida para nos acolher. Diante dEle somos crianças e é preciso agir como elas: sem malícia ou desconfiança, sem querer parecer o que não somos. 

Partilha é sinônimo de comunhão. E dentro de uma equipe, onde todos se utilizam dos mesmos instrumentos de santificação, nada mais justo do que um ajudar o outro a "manejar melhor" sua "ferramenta de trabalho". Ela não está colocada na reunião mensal como uma prestação de contas a ninguém. É, antes e acima de tudo, oportunidade de estendermos a mão, a partir dos meios que melhor pudemos viver durante o mês, em favor daquele que está encontrando dificuldade. Não nos utilizamos dos meios de aperfeiçoamento para ter "o que dizer" na reunião de equipe. Esses meios existem para serem vividos cada dia e, a partir da experiência verificada, ajudar o irmão. Por isso se chama partilha.

O ideal do movimento, "Vem e segue-me", deve igualmente ser lembrado. Seguir o Cristo exige um esforço pessoal e comunitário. Se Ele desejou ficar entre nós na Eucaristia, maior prova de seu amor, sua doação maior, também nós temos que nos doar ao irmão mais próximo. A partilha começa em casa, na ajuda mútua dos cônjuges. E especialmente os filhos significam muito para esse aprimoramento. No entanto, se olharmos com olhos de esperança e percorrermos, em atitude de oração, as páginas da Sagrada Escritura, vamos encontrar no templo de Jerusalém e na 
própria experiência comunitária do Povo de Israel exemplos edificantes de todos os meios de aperfeiçoamento que são propostos pelo Movimento. 

Isto posto, irmãos tão queridos, pensemos na dimensão eucarística da partilha. Pelas palavras do salmo 133: "hine matov umanahim xevet ahim gam yahad" = "Como é bom e agradável os irmãos se sentarem juntos", procuremos nos lembrar sempre de que somos responsáveis uns pelos outros. 

Diácono Ricardo Dias Neto 
Conselheiro Espiritual da Equipe 4 de Sorocaba

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-6) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 25/03/2017

sexta-feira, 24 de março de 2017

O QUE ESPERAM OS CONSELHEIROS DOS EQUIPISTAS (E VICE-VERSA)

(Do Boletim de Juiz de Fora)

Reconhecendo a importância do Conselheiro Espiritual nas nossas equipes como aquele que estimula o nosso crescimento espiritual e nos ajuda a viver na dimensão maior de membros do Corpo Místico de Cristo, procuramos sempre ouvir a sua opinião sobre as atividades do Setor e buscar a sua orientação no campo pastoral e doutrinário. 

Na última reunião da Equipe do Setor com os conselheiros, depois de um primeiro tempo em que se chegou ao consenso de se programar um estudo da Familiaris Consortio para 83, numa segunda parte foi adotado o sistema de divisão em dois grupos, sacerdotes e leigos, para analisar as perguntas propostas: 

- Para os conselheiros: Como esperam os sacerdotes que os equipistas de Nossa Senhora cumpram sua 'missão de leigos? Que esperam das Equipes de Nossa Senhora? 

- Para os leigos: Que esperam os equipistas de seus conselheiros espirituais? 

As respostas foram bem objetivas e as passamos a vocês por considerá-las merecedoras de especial atenção e reflexão: 

Respostas dos conselheiros: 

- Que os equipistas estruturem bem suas famílias, cuidando primeiro da própria casa e depois do resto. Que vivam bem. Isto é muito importante porque às vezes se apresentam para o trabalho apostólico sem base para fazê-lo. 

- Que sejam autênticos na fé e exemplo para os filhos. As vezes são equipistas pontuais mas não tão bons cristãos! 

- Os assuntos que se aprofundam em uma reunião devem influenciar, transformar a vida dos casais nos meses subseqüentes. Uma reunião bem feita deve mostrar seus frutos benéficos ao longo dos dias que se seguem, mas às vezes nota-se que a reunião não tem um seguimento vivencial na vida do casal.

- Que os casais encarem com simplicidade os meios de aperfeiçoamento, e se empenhem em executá-los. As vezes não sabem bem o que são, ficando preocupados demais, "burocratizando" a fé. 

- O Movimento deve levar as pessoas a um engajamento eclesial e nem sempre se nota isto. Equipe é Igreja. 

- Espera-se que as equipes trabalhem como Igreja e dêem um testemunho de unidade. 

Respostas dos leigos: 

- Que os CEs sejam Homens de Deus, animadores espirituais, ajudando-nos a descobrir e a viver nossa espiritualidade própria. 

- Que conheçam e amem o Movimento das ENS: estudem seus documentos, participem das atividades programadas, como EACRE, Sessão de Formação, Encontros de Conselheiros, etc. 

- Que dêem testemunho de despojamento pessoal. 

- Que sejam membros ativos da equipe: vivam e convivam com ela. Que partilhem sua vida pessoal, manifestando sua confiança na equipe, acreditando na entre-ajuda. 

- Que trabalhem junto com o Setor e com o CR de sua equipe, seja na preparatória, na formal ou na orientação de qualquer dificuldade surgida. 

- Que levem a um aprofundamento na oração, a uma abertura para a grande Igreja, ajudando a equipe a ser verdadeira comunidade onde estão presentes a caridade fraterna e a ação missionária. 

- Que ajudem a descobrir os carismas de cada um, orientando na escolha dos caminhos de ação mas sem impingir determinado apostolado. 

- Que eles tenham unidade de ação e pensamento em relação à Igreja e ao Movimento. 

Estas foram as idéias apresentadas pelos CEs e equipistas, num trabalho sério e profundo, mas que exigirá um retorno para não se tornar "letra morta". Propomos a cada um uma análise de seu comportamento pessoal diante delas, desejando que frutifique em mudanças concretas. 

Leda e Edson

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-4) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 24/03/2017

quinta-feira, 23 de março de 2017

24 Horas de Adoração

Esse final de semana haverá vigília de 24 horas na Paróquia São Sebastião e o Padre Jair preparou uma escala com os movimentos, pastorais e comunidades.

As Equipes de Nossa Senhora ficaram com o horário de meia noite às duas da manhã, do dia 25 para o dia 26.

Faremos uma divisão da seguinte forma:

De meia noite às​ 01hs da manhã ficarão as equipes 1, 3, 4, 7 e 8

De 01hs da manhã às 02 horas ficarão as equipes 5, 6, 9, 10 e 11.

Vamos nos esforçar para tirar uma horinha de vigilia com o Senhor!!!

Grazi e Gabriel
Casal Liturgia do Setor

24 horas com o Senhor: não é um slogan, mas uma chamada de consciência e oração

Cidade do Vaticano (RV) – A proposta das "24 horas com o Senhor" deveria penetrar em todos os ambientes em preparação ao tempo pascal e se revelar uma corrente que convida para tocar concretamente aquele que é um momento de amor e de oração. O Sacramento da Reconciliação espera para ser acolhido, fazendo com que cada um se transforme num instrumento anunciador de misericórdia.

Inclusive o Papa enalteceu a iniciativa no final da Audiência Geral desta quarta-feira (22), na Praça São Pedro, repleta de 15 mil fiéis. Francisco convidou as comunidades do mundo inteiro a viverem com intensidade as 24 horas com o Senhor que começam nesta sexta, 24 de março.

"Desejo que inclusive neste ano o momento privilegiado de graça, do caminho quaresmal, seja vivido em tantas igrejas para que possam experimentar o encontro alegre com a misericórdia do Pai, que todos acolhe e perdoa", disse o Papa Francisco ao final da sua catequese.

As 24 horas com o Senhor não é um slogan de efeito de qualquer propaganda midiática. É um chamado de consciência para sair das sombras do egoísmo que, inevitavelmente, colocam-se sobre as relações humanas com Jesus Cristo, fazendo se afastar do Criador.

Misericórdia não significa ingenuidade, mas se deixar inundar pelo que pacifica a consciência. Deixar passar os dias e os anos sem se reconciliar com o Pai significa perder um grande tesouro dirigido a todas as famílias e à sociedade. Não é um gesto automático, mas um gesto de profunda fé no saber e se reconhecer criatura pobre e indigente, mas sempre filho de Deus.

A iniciativa das 24 horas com o Senhor, criada pela Santa Sé, acontece todos os anos desde 2013 para ser vivida em caráter mundial dentro das dioceses, já que incentiva a promoção de momentos de oração e de confissão, de anúncio do Evangelho e de vigília, que ajudem a viver a Quaresma, preparando para a Páscoa. A proposta é que as igrejas fiquem abertas durante 24h para que os fiéis possam participar do Sacramento da Reconciliação. (SIR/AC)

ORAÇÃO PARA FAZER O DEVER DE SENTAR-SE

Senhor, nós queremos dirigir, neste momento, a nossa súplica a Vós, nosso Deus e Criador. 

Queremos pedir-vos luzes para que cada um de nós seja iluminado, esclarecido, animado, e redescubra o grande valor desse meio de perfeição que Vós destes às nossas Equipes. 

Senhor, nós sabemos que ele não é tão fácil, às vezes. Mas Vos pedimos a graça de percebermos quantos benefícios tiramos do Dever de sentar se. Nele se revela nosso crescimento, nosso anseio de sermos melhores testemunhas de Cristo. 

Não permitais, Senhor, que falhemos no seu cumprimento. É ele, Senhor, o elo de nossa lealdade mútua. 

Fazei, Senhor, que não seja um mero ''dever", mas um gesto de amor. Um momento onde planejamos juntos a vida: não só os horários, os programas, as atitudes, mas a própria vida, no que ela tem de mais radical, com todas as suas riquezas e com todas as suas fraquezas. 

Fazei, Senhor, que no nosso dever de sentar-se, comuniquemos realmente o mais íntimo de nós mesmos, para que possamos chegar à grandeza do ideal do matrimônio cristão. 

Que nós descubramos, ó Senhor, a transformação que esse meio de perfeição pode operar em nós, se formos fiéis ao seu espírito, tanto pelo dom de nós mesmos como pelo acolhimento do outro, pela escuta... O dom-de si é um elemento tão essencial para a santidade como o acolhimento do outro, através da escuta profunda. É preciso paciência; é preciso respeito, é preciso deixar-se ficar em admiração ante o outro pelo que ele é.

Senhor, que no nosso dever de sentar-se nós assumamos realmente a vida do outro: suas intenções, preocupações, vivências, tais quais são, e não como gostaríamos que fossem ... 

Senhor, que no meu dever de sentar-se eu tenha sempre a consciência do dever de caridade em relação ao crescimento do outro; eu sou responsável pelo seu crescimento... Nós formamos uma única realidade: duas pessoas mas um só coração! Nós optamos, pelo Sacramento do Matrimônio, por ser uma só vida! 

Que esse meio tão poderoso de crescimento que as Equipes nos oferecem seja para nós um momento ansiosamente esperado a cada mês.Dai-nos, Senhor, descobrir mais profundamente esse maravilhoso meio de santidade. 

Pe. Pedro Sallet 
Conselheiro Espiritual das Equipes 4 e 12 de Curitiba

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-4) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 23/03/2017

"UM DOS DOIS DEVE MORRER"

"É a terceira cesareana. Como médico e amigo devo dizer-lhe: a senhora não pode mais ter filhos". Quarta gravidez e quarta cesareana! Foi salva, graças a cuidados médicos especiais, não sem uma severa repreensão. Foi necessária a amarração das trompas, porque outra gravidez seria fatal para a mãe ou para o filho.

E veio a quinta gravidez!!! É de pasmar! A Ana ao Ovídio: - "É minha condenação à morte!" Entra o médico: - "A quem devo salvar? à mãe ou ao filho? porque ela não tem nenhuma condição de levar avante a gravidez". Outros médicos se sucedem reforçando a opinião do colega de profissão: - "Se fosse minha filha, eu a libertaria desta gravidez". - "Se fosse minha irmã, eu lhe daria o mesmo conselho". - "Se fosse minha esposa, eu não duvidaria em interromper uma gestação que põe em perigo a vida da mãe, mais preciosa que a do nascituro". 

Ovídio não decidiu. Precisava de tempo para pensar em termos de consciência:  - "Padre, não tenho estrutura para sacrificar a vida daquela que é a vida em meu lar. Ninguém da família suporta sequer a idéia de perder a mãe. Ninguém suporta! E a Ana se encontra numa aflição de morte. Olha para as crianças em casa como quem está na despedida". 

- "Ovídio, esta notícia me deixa sumamente angustiado. Antes de qualquer medida precipitada tentemos todos os meios naturais e sobrenaturais. Vamos lançar mão dos últimos recursos da ciência médica e pedir socorro a Deus pela oração." 

Da oração em particular e em grupos, veio uma segurança: "Confia nEle e Ele atuará" (Salmo 37,5). E expondo-se o caso a um médico de fora, colheu-se esta orientação:

"Aquele colega foi precipitado. Realmente essa gravidez é de alto risco pelo perigo da ruptura do útero se não se tomarem os devidos cuidados com a paciente. Mas desde que o médico seja fiel numa assistência assídua à mulher mediante um tratamento adequado para o fortalecimento das paredes do útero, o risco é contornado e há grande probabilidade de se conduzir a gestação até o 7° mês, quando então se torna possível salvar não só a mãe, como também o filho." 

Um médico de fora, contrariando a opinião unânime dos outros, foi uma réstea de luz apontando uma esperança. Era necessário ir a um centro maior. Veio à mente do Ovídio um parente médico em São Paulo. Não sendo encontrado no momento, Ana foi encaminhada ao maior catedrático em ginecologia. E o seu pronunciamento deu peso e valor decisivo à orientação recebida. E ainda acrescentou: 

- "Meu caro Ovídio, no estado em que se acha o útero de sua esposa, se ela se tivesse submetido ao aborto conforme conselho recebido, você seria viúvo!" 

A mão de Deus interveio clara nestes passos: 

- por questão de consciência, não seguir logo a sentença unânime que via no aborto a única solução ... e com isto salvou-se a vida da mãe; 

- ir dar, fora dos planos, nas mãos da maior autoridade em ginecologia; 

- porque Deus não pára no meio do caminho, estamos aguardando a terceira graça: o feliz natal do quinto filho, para que a Ana, com os seus, cante, à semelhança de Maria: 

Minha alma glorifica o Senhor; 
exulta meu espírito em Deus, meu Salvador: 
ele voltou os olhos para a humildade de sua serva; 
doravante todos os que me conhecem 
me chamarão feliz e abençoada. 
O Poderoso fez em meu lar maravilhas, santo é seu nome. 
Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o amam! 

Pe. Mario Zuchetto, 
Conselheiro espiritual da Equipe 10 de Campinas

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-3)

ENS Piabetá - Tesouros da Carta Mensal

quarta-feira, 22 de março de 2017

COMO AS GAIVOTAS

Desde que descobrimos o valor da oração, tem sido a nossa força no passar por esta vida. No princípio, cada noite, depois de um dia trabalhoso e pesado, era o pequeno oásis em que ganhávamos forças para o dia seguinte. 

Quando a doença ou os dissabores familiares nos atingiram, era um dar sentido ao sofrimento, um ver, como diz São Paulo, que outros irmãos passaram pelas mesmas tribulações que nós. 

E éramos fortes na nossa fraqueza, nesse Magnificat de Maria que encerra uma visão tão dinâmica da vida. Agora, mais do que nunca, encontramos valor e vida na oração. Não uma oração estereotipada, rotineira, por obrigação, mas uma oração que vem do sentir mais profundo dos nossos seres, abertos a Deus, à criação, à Igreja. Escutando essa Palavra que cada dia se revela mais como o caminho a seguir. 

Como as gaivotas, voamos para o alto, baixamos para a vida e descansamos sobre a areia e ela fica marcada com os nossos passos. Assim é a nossa oração: cada dia deixa moldar-se pela Palavra, pelo próprio Deus, que vive na profundidade do nosso ser e em tudo quanto nos rodeia. 

E, quando surge o desalento, regressamos a ela, não como numa evasão, mas como a uma força vital que nos faz sentir mais livres, mais pessoas, mais filhos de Deus, mais Igreja. 

Tomas e Amparo 
(Da Carta portuguesa)


(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-3) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 22/03/2017

terça-feira, 21 de março de 2017

A MÃE QUE ENSINA OS FILHOS A REZAR

D. Antonio Afonso de Miranda

Há poucos dias, uma jovem mãe de três filhos me disse: "Tem muito tempo que não rezo. Não há jeito. A noite, estou exausta, e não consigo nem rezar o Pai nosso. Pela manhã, já acordo com gritos dos filhos ... Um pede uma coisa, outro tem que ir para a escola, o marido tem horário para chegar no serviço. . . E é assim. Não consigo rezar". 

Esta história se repete em milhares de casas. As mães não acham momentos para rezar. E, porque elas não rezam, os filhos também não aprendem a rezar. E a família cresce esquecida daquilo que poderia salvá-la ainda no meio de tantos males. Lar onde as mães não rezam e não ensinam os pequenos a rezar será fatalmente um lar em que a fé não estenderá raízes profundas. Por isso, nas horas das provações, dos sofrimentos, e sobretudo diante dos assaltos da imoralidade, será um lar em perigo. Porque só a fé, alimentada pela oração, torna forte a família diante das investidas do mal. 

Aquela mãe, que me disse não ter tempo para rezar por causa dos três filhos, eu falei assim: "Minha filha, de manhã quando os filhos acordarem pedindo as coisas, você os convide, primeiro, para rezar. Reze junto com eles. Diga-lhes que agradeçam a Deus a saúde, o alimento, a inteligência. Reze junto com eles, ensinando-os a agradecer. A noite também, chame-os para rezar antes de dormir. Chame igualmente o seu marido. Rezem todos juntos. Assim, a senhora achará tempo para rezar, e fará sua família rezar também". Ela me respondeu: "Engraçado, o sr. sabe que eu nunca tinha pensado nisto?"

Assim acontece. Muitas mães não rezam, alegando não ter tempo por causa dos filhos. E nem se lembram de que é fácil rezar com os filhos, pela manhã e à noite, principalmente quando isto se faz desde que eles começam a falar! 

É assim que se constrói o lar com os alicerces da oração. Minha mãe me ensinou, a mim e a meus irmãos, mas nos ensinou rezando conosco. Nossa família foi abençoada porque rezávamos. Tudo isto parece ingênuo. É simples demais, fácil demais. Como foi que as famílias de nossos dias esqueceram coisas tão fundamentais? 

Talvez seja preciso voltar aos velhos tempos. A família reunida rezava o terço todas as noites. Onde é que se faz isto ainda? Gente que reza é "quadrada". Quem não é "quadrado" fica diante da televisão até cair de sono. A família não tem tempo nem para conversar. Ninguém quer perder o capítulo da novela ou o filme de violências. E dia-a-dia todo o mundo se intoxica mais de violência, de sexo, de inutilidades. A maior poluição é a poluição moral. Por que não reaprender a rezar? Rezar não é ser "quadrado", não. É alimentar a fé e crescer na esperança daquelas únicas realidades que nos tornam felizes. 

***

O motivo mais profundo e determinante do insuficiente número de sacerdotes situa-se no enfraquecimento da vida cristã e religiosa na família e na sociedade. 

Cardeal Scherer

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-3) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 21/03/2017

As Equipes em Piabetá

Um resultado esperado desde o tempo em que o vigário, entusiasmado com o trabalho realizado pelas Equipes em Rio do Ouro, mandara, por intermédio de Frei Antonio, um convite ao Setor para implantar em Piabetá "um movimento de gente tão disposta" (cf. C.M. junho-julho 80, pág. 38). Após um ano de encontros orientados por Elfie e Dragan, um grupo de oito casais resolveu optar pelas E.N.S. Diz o boletim de Set./Out. que "estão há seis meses vivendo a experiência na vida em equipe" - o que significa que a equipe agora tem um ano de vida! Acrescenta que, "sendo um grupo já bastante atuante na sua comunidade, pretendem difundir o Movimento naquela região, levando a outros casais as riquezas que já descobriram nas E.N.S. ".

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-2)

ENS Piabetá - Piabetá na Carta Mensal

segunda-feira, 20 de março de 2017

RETIRO TAMBÉM É APOSTOLADO

Você já convidou parentes, amigos, colegas de trabalho para participar de um retiro com você? Pois o Setor de Blumenau/Gaspar promoveu um retiro especialmente para parentes e amigos dos equipistas.

Foram dois dias maravilhosos e de grande proveito, em que 22 casais estiveram reunidos, ouvindo e refletindo sobre a mensagem de Cristo, transmitida pelo Frei Wilson Steiner, Diretor do Colégio Franciscano Santo Antônio, em Blumenau. 

Todos os participantes do encontro saíram felizes e agradecidos por terem tido essa oportunidade. Para a grande maioria, foi o primeiro retiro que fizeram em sua vida! O aproveitamento foi total em todos os sentidos. Para surpresa dos organizadores, dias após o retiro muitos foram os casais que manifestaram o desejo de participar dos próximos encontros programados pelas Equipes. O próprio Frei Wilson recebeu diversos telefonemas e cartas agradecendo a mensagem que transmitiu naqueles dias de recolhimento e encontro com Cristo. Algumas cartas e testemunhos foram realmente comoventes e tocaram no fundo do coração do pregador. 

Assim, Frei Wilson deve se ter sentido duplamente recompensado pelo bem que fez, pois, para poder atender ao convite das Equipes para pregar o retiro, deixou de participar da festa de aniversário de sua querida mãe juntamente com todos os seus familiares. 

Que a Virgem Maria recompense a dedicação de todos - do Frei Wilson, da equipe organizadora, que desempenhou muito bem a sua missão, e dos equipistas que indicaram os casais para participar do retiro. 

Esta primeira experiência teve um resultado excelente. Outras atividades neste sentido deverão ser programadas pelo Setor.

Espera-se que, para o futuro, haja maior interesse ainda por parte de todos os casais equipistas em se dedicarem a este tipo de apostolado junto àqueles a quem ainda não foi dada a grande graça de serem chamados para mais perto de Cristo, como nós o fomos.

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-2) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 20/03/2017

PARA SER MISSIONARIO, BASTA DESCER A SERRA

(Trata-se da Serra Velha de Petrópolis.)

Primeira etapa:

"S.O.S. - Ajude a construir uma nova comunidade eclesial". Com esse título, escrevia Frei Antônio Moser no Boletim de maio de 1979: Incentivado pelas equipes 10 e 14, estou dando assistência religiosa numa localidade chamada Rio do Ouro, a 8 km de Piabetá (Serra Velha). Quando lá cheguei, em março último, encontrei ao menos 4 igrejas de "crentes", várias "assembléias", centros espíritas, Igreja brasileira, etc. Encontrei igualmente uma enorme "catedral" católica, que mede, no máximo, 5 x 3 metros. A capelinha é o símbolo de uma comunidade que nunca contou com a assistência regular de um padre. É feita de pau-a-pique. 

Logo no primeiro domingo, ela ficou lotada. . . com umas 15 pessoas, entre mulheres e crianças. Nenhum homem. Passei a benzer casas, visitar os doentes, distribuir balas às crianças. Hoje, são mais de 100 pessoas que frequentam a missa regularmente aos domingos. Estou celebrando numa escolinha que fica ao lado da capela. Mas também a escolinha mal dá abrigo para a metade do pessoal. A gente fica rezando para que não chova, nem faça sol muito forte. Diante disto, me vejo na contingência de construir urgentemente um abrigo, uma espécie de capela-barracão. 

O povo é muito bom e manifesta grande boa vontade, mas é bastante pobre. Muitos vêm descalços ou com chinelos de dedos. Eles vivem numa situação um pouco superior à dos favelados. Os resultados se refletem nas coletas: no máximo, Cr$ 100,00. 

Programamos dois dias de festa, em junho, em comemoração ao padroeiro, Santo Antonio. De antemão, todos os equipistas estão convidados para passarem lá nestes dias, em contato direto com a natureza e. . . deixando um pouco das suas economias.' 

A seguir, Frei Antonio, dizendo que bem sabe "que não é educativo trazer contribuição de fora" , mas que "é preciso dar a arrancada inicial para animar o povo", dá três pistas para que os equipistas colaborem: na "Campanha do quilo de carne", doando pequenos brindes para a "pesca milagrosa" e oferecendo material para o bazar. E termina: 

Ao faminto pertence o pão que se estraga em tua casa. 
Ao descalço pertence o sapato que cria bolor debaixo da tua cama. 
Ao nu pertencem as vestes que ficam em teus baús. 
Ao miserável pertence o dinheiro que desvaloriza em teus cofres. 
(São Basílio Magno) 

Desde já, meus paroquianos agradecem. 

Frei Antonio Moser 
(Doutor em teologia moral durante a semana; 
Vigário da roça aos domingos)

Segunda etapa: 

"Rio do Ouro agradece" (Boletim de julho-agosto) 

Quando lancei o S.O.S. em favor da comunidade católica de Rio do Ouro, sinceramente, não esperava tamanha receptividade entre os equipistas. Entretanto, de todas as equipes chegaram donativos em dinheiro (cobrindo quase todas as despesas da carne: 100 quilos de carne e 100 de salsichão), em prendas e roupas usadas (renda da barraca do bazar: 7.200,00). Ademais, muitas equipes marcaram sua presença, representadas por vários casais. Isto sem falar da 10 e da 14. Agora chega o momento do muito obrigado. Para que não seja um muito obrigado convencional, darei um panorama dos resultados. 

Devo dizer, inicialmente, que todos os santos ajudaram, pois todos os objetivos foram amplamente alcançados: 

1) A festa tinha como objetivo primordial encorajar uma comunidade que se encontrava perdida e desanimada no meio de outras religiões. A Missa, celebrada pelo Senhor Bispo diocesano, foi um sucesso, não só pelo número de pessoas presentes, mas pela participação entusiástica. Na mesma linha, um grande número de pessoas circulou por lá nos dois dias, sobretudo nas duas noites. Agora a comunidade católica já pode andar de cabeça erguida, sem complexos. 

2) A festa visava dar ao povo o testemunho de fé e unidade, através da participação de outras comunidades vizinhas. As Equipes não só se fizeram presentes, como impressionaram profundamente o povo de lá. Na despedida, vários líderes da comunidade se expressavam mais ou menos deste modo: "Frei, sem os casais de Petrópolis, nós nunca teríamos feito uma festa destas". E se perguntavam: "A troco de quê eles estão nos ajudando?" Só pude responder: "A troco da solidariedade cristã e do ideal das Equipes de Nossa Senhora". O vigário de Piabetá ficou tão entusiasmado que já mandou, por meu intermédio, um convite ao Setor para "implantar aqui um movimento de gente tão disposta" ... 

3) A festa visava também ganhar fundos para o início da construção de uma capela. Quando um mês antes anunciei que deveríamos conseguir ao menos 50.000 cruzeiros, todo mundo riu. Ninguém acreditava. A festa de Santo Antonio, no ano passado, dera 8.000 cruzeiros.. . Pois bem, com a ajuda de todos, o resultado bruto foi de Cr$ 88.500,00; o resultado líquido: Cr$ 72.000,00. 

Diante disto tudo, o entusiasmo do povo é grande. E o reconhecimento às Equipes também. Um projeto definitivo já está em andamento; um mestre de obras (Sr. Pedro Martinho, pai de dois equipistas) e um pedreiro experimentado já estão de prontidão. O sonho do povo e do vigário é rezar a primeira missa na nova capela já pelo Natal... nem que seja entre os andaimes. 

Para tanto, deveremos fazer mais alguma festa, e sobretudo bater mais vezes às portas dos irmãa.s equipistas: Com o sucesso do bazar, o povo pediu para que haja lá um bazar permanente aos domingos... 

Finalmente, com São Paulo (2 Cor. 9, 7, 2, 12, 13, 14), agradeço, pela comunidade de Rio do Ouro, dizendo: "Deus ama a quem dá com alegria ... O vosso zelo tem estimulado a muitos ... A distribuição de tais esmolas não só provê às necessidades dos irmãos, mas também se faz fonte de ação de graças para com Deus. . . Considerando a comprovada virtude que esta assistência revela da vossa parte, eles glorificam a Deus. . . Eles rezam também por vós, dedicando-vos a mais terna afeição ... " 

Frei Antonio Moser 
(Vigário pela graça de Deus e pelo incentivo das suas equipes 10 a 14)

Terceira etapa

Capela de Rio do Ouro (Boletim de setembro) 

Podemos informar que já foram iniciadas as fundações da nova Capela do Rio do Ouro, à frente de cuja construção está Frei Antonio Moser, assessorado por alguns casais equipistas. 

Quarta etapa: 

Convite: (No mesmo Boletim) 

A comunidade do Rio do Ouro convida para mais uma festa, nos dias 27 e 28 de outubro. Irmão equipista, sua presença é uma grande contribuição. Vamos prestigiar. 

Quinta etapa: 

O resultado da festa: quase Cr$ 100.000,00 de renda, que permitiram nova etapa na construção da igreja. Frei Antonio celebrou, entre os andaimes, a missa do Natal, realizando assim "o sonho do povo e do vigário". 

Sexta etapa: 

Em fins de março, a igreja está quase pronta. O Setor conseguiu doação de um quadro do pintor Wim L. Van Dijk, tela a óleo, "São Francisco", no valor de Cr$ 250.000,00, para rifar em benefício da conclusão das obras... Em nome de todas as equipes, também comprometeu-se a doar a imagem de Nossa Senhora que lá ficou como símbolo de fé e de um apostolado efetivo das Equipes, que há de prosseguir através de atividades- já iniciadas como palestras, cursos, etc. 

(A igreja, nestas alturas - junho - deve estar pronta!... )

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1980-4)

ENS Piabetá - Piabetá na Carta Mensal

domingo, 19 de março de 2017

ATÉ AO FIM DO CAMINHO

Um homem e uma mulher partem juntos para uma "vida a dois". 

É feita de meandros, 
de divergências, 
de lutas, 
de paciência. 
É feita de coragem a "vida a dois". 

Partimos de braços dados. 

Reencontramo-nos, separados por uma plataforma, cada qual com sua mala, esperando trens diferentes, dizendo-nos: "Não o reconheço". "Não a reconheço". Eis a contradição. Será que nos conhecemos verdadeiramente? 

Há, no início de tudo amor, uma tal sede do outro, um tal desejo de tudo dar, tudo receber, e há, muitas vezes, um tal deslumbramento, que nós nos "inventamos" sem nos conhecer. O que buscamos no outro, o que amamos nele, é ele, certamente, mas é também essa parte de nós mesmos que lhe demos, que lhe consagramos, essa parte de nós mesmos que lhe entregamos para guardar e que desejaríamos tornar a encontrar intacta, sem rugas, nem marcas no fim do caminho ... 

Conhecermo-nos não é apenas "descrever" a nós mesmos. É compreender. É partilhar. Partilhar treva e luz, erro e perdão, é realizar, dia após dia, essa obra prima, difícil, única, que se chama o "casal", e não simplesmente, o "par". Se quisermos que a vida a dois dure para sempre, é preciso que tenhamos a humildade, a paciência, a sabedoria, de recomeçá-la cada manhã, 365 vezes por ano.

Ontem vi um casal Ele tinha mais de 80 anos. Ela teria pouco menos. Ambos ofegavam, subindo a ladeira. Ele tinha cabelos brancos. Ela, olhos muito azuis e umas rugas que dava vontade de beijar. Ele sofria de asma e ela de reumatismo. 

Estou certa de que tinham um punhado de netos e bisnetos. Que haviam passado por inúmeros sofrimentos, preocupações, brigas e reconciliações. Que vinham vivendo talvez, sem muitas palavras, mas com a vontade de permanecerem juntos e, juntos também, morrerem. Isto pode fazer sorrir. No entanto, é preciso amar muito alguém para dizer: "gostaria de morrer ao lado dela ... ao lado dele ... " e sentir-se enfim seguro. 

Ela possuía um olhar muito azul, que fazia ainda perguntas. Ele, segurando-a pela mão, acreditava protegê-la de tudo: da velhice, da maldade, da solidão, da morte. Não ousei perguntar se eles, outrora, discutiram, traíram, se dilaceraram. Não ousei perguntar se, certa manhã, ele a achara menos bela, menos atraente que antes. Não ousei perguntar se ela o achara maníaco, rabujento, cansativo e autoritário. Se ela o irritara com seus tricôs, seus doces, sua tagarelice e suas arrumações. Se ele a exasperara com suas palavras cruzadas, suas coleções de selos, sua vaidade. Não ousei perguntar quantas vezes ele saíra batendo a porta, quantas vezes ela chorara, quantas vezes ele havia dito: "você está engordando ... ", quantas vezes ela havia exclamado: "você já não me ama como antigamente". 

Não ousei perguntar quantas vezes eles estiveram a ponto de se destruir, se odiar, se separar quem sabe? De que adiantaria isso? Eles ali estavam, juntos. Não existe um truque, um sistema, uma receita-milagre, para um "amor-milagre". Existe o amor: com suas inseguranças, suas etapas, suas sombras, suas crises, que muitas vezes são apenas crises de cres-cimento. Existe o Amor coberto de cicatrizes, talvez mais comovente, justamente por causa de suas cicatrizes, do que o que nada sofreu, nada arriscou, nada enfrentou. 

Não ousei perguntar: "Como fizeram?" Quem teria ousado perguntar? 

Aos vinte anos, ela sem dúvida, lhe dizia: "Vamos dançar?" Ele respondia: - "Se você quiser, querida". 
Aos trinta anos: "Vamos até a praia?" - "Se você quiser, querida" 
Mais tarde: "Vamos ver as crianças?" - "Se você quiser, querida". 

Ali, na minha rua, com seu ar de quem pressente os acontecimentos e seus lindos olhos azuis, ela parecia dizer: - "Vamos até ao fim da vida?" E ele, apertando com força a pequena mão enrugada, devia responder em seu coração: - "Se você quiser, querida". 

Olhei para eles, e disse a mim mesma, com lágrimas nos olhos: "Senhor, por que permitiste que Romeu e Julieta envelhecessem?" 

Pergunta ridícula. Pergunta idiota. O milagre, a beleza, a lição do amor é isso. E todos os dias cruzamos com ele, nós, os inquietos, nós, que amamos mal, nós, que pretendemos fazer a análise, a síntese de tudo.

O Amor é isso: dois anciãos numa ladeira, de mãos dadas, para chegar juntos - ofegantes, mas, juntos - ao fim desse caminho difícil, de onde poderão, enfim, contemplar o rio, as árvores e a VIDA! 

Simone Conduché 

(Texto, traduzido do francês, para ser deixado "displicentemente" na sala de espera de Centro de Aconselhamento Familiar).

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-2)

ENS Piabetá - Tesouros da Carta Mensal