Depoimentos pessoais
Faz 16 anos que conheço as Equipes de Nossa Senhora e atuo nelas. A primeira notícia que tive das Equipe de Nossa Senhora não me entusiasmou muito. Foi assim. Um paroquiano, que era equipista, falou-me que fazia parte de um movimento de casais, que se reuniam uma vez por mês e lá faziam um jantar, rezavam e trocavam ideias; eu pensei tratar-se de algo parecido com o Rotary. Mas quando, alguns anos depois, um casal que eu muito estimava procurou-me para fundar, em minha paróquia, a segunda equipe em Porto Alegre, dando-me melhores explicações, eu mudei de ideia.
Ao participar da primeira reunião, eu senti algo diferente; senti que se tratava de um movimento bom, de muita espiritualidade; que valorizava o sacramento do matrimônio; que santificaria o casal e as famílias. Então, nas informações sobre as Equipes de Nossa Senhora, é melhor ter a atitude de Felipe, quando convidou Natanael para participar da equipe de Jesus: "Vem e vê" (Jo 2, 46).
As ENS são especificamente um movimento de espiritualidade conjugal e familiar. Eu acrescentaria: e também sacerdotal, ao menos em alguns casos. Antes de participar das Equipes, por causa das inúmeras e absorventes atividades paroquia:s, por estar à testa de uma paróquia nova, extensa, populosa e com tudo por fazer, pois nem moradia tinha e a capelinha estava rachada, ameaçando ruir, andei negligenciando e até omitindo alguns dos meus meios de aperfeiçoamento, próprios do meu estado sacerdotal. Ao entrar em contato com as Equipes, eu percebi que deveria retomar e aperfeiçoar essas práticas espirituais, sob pena de ficar para trás espiritualmente em relação aos equipistas. Também na parte humana, devo muito às Equipes de Nossa Senhora, pois me arrancaram do isolamento em que me encontrava. Longe dos meus familiares e parentes, sem família própria, com poucas horas de convívio com os amigos e muito trabalho, eu estava me sentindo quase sozinho. isolado dos superiores, longe dos colegas sacerdotes e às vezes abandonado até pelos paroquianos, sem encontrar alguém com quem me desabafar.
Eu estava nesta situação quando, por graça de Deus, conheci as Equipes de Nossa Senhora. Nelas me senti dentro de uma família, da minha própria família humana e cristã. Na minha vida sacerdotal, como Jesus, eu havia encontrado ·o meu lar de Betania. Eu, que por amor ao reino de Deus abandonei a minha família e um lar próprio, encontrei nas Equipes o cêntuplo que promete o Evangelho, em pais, mães, irmãos e irmãs. Tenho a certeza de que padres que abandonaram o sacerdócio não o teriam feito, ao menos diversos, se tivessem tido a graça de conhecer e fazer parte das Equipes de Nossa Senhora. Por isso, meus caros equipistas, vocês não sabem o bem imenso que estão fazendo aos seus Conselheiros Espirituais quando cumprem fielmente os meios de aperfeiçoamento, quando procuram progredir espiritualmente, porque assim estarão ajudando também os Conselheiros a crescer. Os tições quando unidos, se abrasam mutuamente e fazem crescer as chamas, e suas brasas brilham fulvamente. Ao passo que, separados, as chamas vão diminuindo e as brasas se transformam em carvões preto·s e frios.
Quando, com as equipes a que dou assistência, estudei "O Espírito e as grandes linhas do Movimento" e cheguei a conhecer profundamente a mística das ENS, delirei com a fantástica realidade do Cristo comunitário presente na equipe, ou melhor, nos equipistas, e não apenas no tempo das reuniões. Nas Equipes se pode viver a promessa da presença de Cristo, promessa que Ele assim exprimiu: "Onde dois ou três, estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18, 20). Eu vou, com muita alegria, para as reuniões das minhas 5 equipes, porque creio nessa misteriosa presença de Cristo. Como Maria de Betania, fico aos pés, ao lado de Jesus, a escutar suas palavras no Evangelho, a ouvir sua voz e conselhos, quando Ele fala pela boca de um dos presentes.
Por tudo isto eu não sou apenas um admirador das ENS, eu não sou apenas um incentivador das ENS, eu não sou apenas um entusiasta das ENS, mas chego a ser quase um fanático pelas ENS!
Aos Conselheiros
E agora umas palavras aos meus caros colegas Conselheiros:
Quero tranqüilizar vossas consciências porventura inquietas com a possível suposição e tentação de acreditar que, enquanto estais em reunião de equipe, estais "perdendo" tantas horas com meia dúzia de casais, quando há inúmeros outros que precisam, mais do que os equipistas, de vossa presença e ajuda, quando há incalculáveis e inad:áveis outros trabalhos paroquiais!
Vejamos primeiro o exemplo do nosso divino Mestre: Ele tinha, não uma paróquia, mas o mundo todo para atender, converter e salvar. Era tanto o trabalho, que nem tinha tempo para comer e descansar. Sem abandonar os fiéis que o seguiam, soube "perder" bastante tempo para estar com a sua
equipe, que não era de 14 ou 16 pessoas, mas de apenas 12, os apóstolos, que passaram a formar a sua família, que eram seu pai, sua mãe, seus irmãos. Eram os que iam continuar e multiplicar a sua obra.
Para completar e corroborar o exemplo de Cristo, ouçam o que afirmou o Papa Paulo VI na peregrinação das Equipes a Roma, em 22 de setembro de 1976: "Aos sacerdotes capelães das Equipes, "rogo eu, presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há-de manifestar": não hesiteis em dar o melhor da vossa competência, das vossas forças e do vosso zelo pastoral a este privilegiado campo apostólico. Nele encontrareis uma parcela da Igreja de que vós
sois pastores. Não cedais à tentação de crer que o vosso trabalho pastoral se limita a um pequeno grupo de cristãos. A vossa ação multiplicar-se-á mediante a irradiação de tanto·s lares." Noutra ocasião, Paulo VI lembrou que o Conselheiro Espiritual é a alma da equipe. O que a alma é para o corpo, o Conselheiro seja para a equipe. Em anos passados, éramos chamados assistentes. No campo se assiste ao futebol, em casa assistimos aos programas de televisão, mas tal assistente tem apenas direito de torcer, aprovar, desaprovar, concordar ou discordar.
Hoje somos os Conselheiros Espirituais. Somos quem age, atua, aconselha, guia, conduz e orienta. Mas não somos conselheiros sociais, matrimoniais, comerciais, industriais, medicinais, familiares, etc. - somos conselheiros espirituais. A espiritualidade é nossa especialidade e nossa profissão. Devemos ser mestres na difícil arte da santificação dos casais. No entanto, não devemos pensar que sabemos tudo, que temos a fórmula para resolver todos os problemas, que em qualquer momento podemos tirar do bolso do colete a receita para tudo. Quem sabe, um equipista presente à reunião e unido ao Cristo comunitário, um equipista que também recebeu o Espírito Santo, saiba, melhor do que nós, ajudar, orientar e aconselhar outro equipista, que tem dificuldades de relacionamento com a esposa, uma situação econômica difícil ou preocupações com o namoro da filha. Além de orientar a espiritualidade dos equipistas, temos a missão de, como representantes da Igreja, preservar e zelar pela ortodoxia da fé e da moral. Temos que ser os mestres de religião, principalmente agora, na parte do "Crer e Viver" do livrinho "Reunidos em nome de Cristo". Devemos ser os transmissores dos planos, das resoluções e das atividades da Igreja, da diocese e da paróquia. Temos que ser os porta-vozes da Igreja, mestra e mãe, mantendo os equipistas sempre atualizados também no campo eclesiástico. Devemos ser o sal que dá sabor às cousas de Deus e que impede a decomposição. Temos que ser a luz que ilumina os equipistas em meio a este mundo de trevas. Na equipe, temos que ser a mola que, silenciosa mas continuamente, impulsiona os componentes. Temos que ser o trator que empurra e arrasta os participantes que começam a parar.
Temos que ser o guindaste hercúleo que ergue a equipe que deixou de se elevar. Temos que ser o fogo, a chama que incendeia os tições reunidos. Temos que ser a alma que transmite vida a toda a equipe, que torna a equipe viva, quente, atuante e que a torna sempre mais santa.
Por último, não deixemos de ler, estudar e aprofundar o livrinho que foi especialmente redigido para nós e que tem como título: "O papel do Conselheiro Espiritual nas Equipes de Nossa Senhora".
Pe. Antonio Lorenzatto
(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1981-8)
ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 19/02/2017
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