terça-feira, 14 de março de 2017

TOTAL CONFIANÇA EM DEUS

A oração é como uma aposta sobre a maneira de se levar a vida: tudo viver com Deus. A partir do momento em que procuramos levar esta vida, a aposta está ganha. A partir do momento em que, no cotidiano da nossa vida, tudo é encarado com o Senhor, em diálogos em que pomos nEle toda a nossa confiança não creio que seja possível abandonar esta maneira de viver, e já não existe o problema da oração. 

Quando falamos em oração, tudo se resume nesta confiança cada vez mais extraordinária naquilo que Deus pode fazer com a nossa personalidade e a nossa vida. Isto não é mero lirismo. Santa Teresinha de Lisieux construiu a sua santidade sobre esta base: "ter uma confiança total em Deus ... e prová-lo." 

Pensar e dizer que se tem confiança em Deus não é muito difícil. Mas basta refletir um pouco para ver que, chegada a hora, empacamos ... Todas as vezes em que nossa oração entra em crise, se aprofundarmos as coisas chegaremos sempre a esta conclusão: não acreditamos que ela possa realmente mudar a vida. Não mergulhamos em cheio na oração porque não ousamos nos atirar numa total confiança em Deus. Enquanto hesitarmos, enquanto acrescentarmos apenas um pouco de oração à nossa vida, "por via das dúvidas", com uma confiança apenas superficial, não teremos feito uma verdadeira experiência de oração.

Na realidade, não são nossas formas de oração que estão doentes; é a nossa confiança radical: o que a minha oração vai mudar? Por certo, não chegarei quase nunca a ver esta mudança. Mas terei recebido forças para aceitar, para superar. Só conseguirei rezar bem no dia em que, sem ver, estarei convencido de que estou cumprindo algo misteriosamente decisivo. Deus me conhece, Ele me ama e sabe o que fazer comigo. 

A oração estabelece um liame entre a minha vida e o poder de Deus. Sem este liame, não me abre verdadeiramente ao poder de Deus. Na realidade, a minha oração não acredita na oração. Ora, Deus, para agir, quer ser pressionado pela nossa confiança. Este relacionamento de oração entre Deus e nós é desconcertante. Por que há necessidade de tanto insistir?

Em última análise, não sou capaz de imaginar aquilo que Deus pode quando eu rezo. Jesus mostrou-se surpreendido diante das manifestações de incredulidade dos homens de seu tempo. Leiamos em Marcos (9, 14-29) a cura da criança epiléptica. A súplica do pai infeliz provoca em Jesus um movimento de irritação quase estranho: "Ó geração incrédula, até quando vos deverei suportar!" O pai, então, todo trêmulo, explica: "Teus discípulos não foram capazes de curar meu filho. Mas tu, se puderes ... " Nova reação violenta de Jesus: "Como, se puderes? Tudo é possível àquele que crê!" 

A oração ante o impossível: eis até onde precisamos chegar. Mergulhar na confiança ilimitada: "Senhor, eu creio! Mas ajuda-me a crer! A crer até este ponto!" Quantas vezes as nossas orações se assemelham a pequenos murmúrios de rotina: falta-lhes a confiança de que podemos arrancar de Deus aquilo que pedimos. Isto nos habitua a rezar superficialmente, e acabamos resvalando para a não-oração. O número freqüente de orações fracas solapa pouco a pouco a intensidade interior com a qual precisamos nos aproximar de Deus. A oração insistente, aquela que leva Deus a dar-lhes ouvidos, é a oração que crê em si mesma.

Dr. Moncau especialmente para a Carta Mensal, dos primeiros capítulos de sua tradução do livro de André Seve, "Trinta minutos para Deus".

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1982-7)

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 14/03/2017

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