sexta-feira, 31 de março de 2017

A VIRGEM MARIA SEGUNDO MARTINHO LUTERO

Acabam de celebrar-se os quinhentos anos do nascimento de Martinho Lutero (10/11/1483). A Igreja católica associou-se às comemorações num espírito de ecumenismo, procurando destacar os aspectos positivos da personalidade do iniciador da Reforma - uma pesquisa, aliás, à qual se vêm dedicando numerosos estudiosos em nossos dias. 

São palavras do Cardeal Willebrands, Presidente do Secretariado para a Unidade dos Cristãos na 5° Assembléia Geral da Federação Luterana Mundial: "Quem poderia negar, hoje, que Martinho Lutero era uma personalidade profundamente religiosa e que ele buscava, com sinceridade e dedicação, a mensagem do evangelho? Quem poderia negar que ele, embora importunasse a Igreja Católica Romana e a Sé Apostólica - não se pode negá-lo, por amor à verdade -, conservou notável parte do patrimônio da antiga fé católica? Acaso o Concílio Vaticano lI não cumpriu reivindicações que, entre outras, foram apresentadas por Martinho Lutero e pelas quais, agora, vários aspectos da fé e da vida cristã expressam-se melhor?"

Um aspecto particularmente importante, e bastante ignorado, parece-nos, é a devoção que Lutero sempre conservou em relação à Virgem Maria. Escreve o Pastor Roger Schutz, Prior da Comunidade de Taizé, na introdução de memorável edição ecumênica dos "Comentários sobre o Magnificat" ("O Magnificat", Martinho Lutero, Editora Vozes, 1968) : "Ele venerava aquela que foi a primeira a crer em Cristo, a primeira a pronunciar o sim e o amém de um coração fiel, aquela que, por virtude do seu consentimento, refletiu em si a perfeição de Cristo."

Eis como Martinho Lutero falava de Maria:

O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a Virgem Maria que, além de ter nascido de uma estirpe real, é também mãe de Deus, a mulher mais importante da terra? No meio de toda a cristandade, ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientemente exaltada; a imperatriz e a rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade. 

Esta única palavra 'mãe de Deus' contém toda a sua honra .. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exaltá-la, dirigindo-se a ela, mesmo que tivesse tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus é preciso avaliar e pesar esta palavra no coração. 

Ao falar das 'maravilhas' que Deus realizou em prol dela, Maria faz alusão unicamente à sua maternidade divina. Esta graça inicial faz-nos compreender todos os outros favores, tão numerosos e tão sublimes, que lhe têm sido concedidos por Deus. Resume aquilo que constitui sua honra e sua felicidade. Permite-nos compreender por que Maria ocupa um lugar único e absolutamente excepcional à frente da humanidade. Quem a poderia igualar? Ela é a mãe de Jesus, que tem por Pai o Todo-Poderoso!. . . Maria é 'mãe de Deus', seu primeiro título de glória, que engloba e resume todos os outros. Não podemos sequer imaginar um título mais excelso do que este, e todos os demais não seriam nada ao lado dele, mesmo que fossem tão incontáveis como as estrelas do céu ou a areia do mar. Somente uma meditação silenciosa e prolongada pode permitir-nos aprender o que de extraordinário se encerra neste privilégio de Maria.

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-9)

ENS Piabetá - Tesouros da Carta Mensal

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