quinta-feira, 30 de março de 2017

OBRIGAR-SE...

Há dois anos tenho a alegria de partilhar a vida de uma Equipe de Nossa Senhora: convidado a dar as minhas impressões de recém-chegado no movimento, tenho perfeita consciência das suas limitações, mas dou-as de boa vontade, pois esta experiência fez-me descobrir as riquezas de um movimento demasiado ignorado. 

Através das reuniões mensais, que eu vejo chegar com prazer, foi-me necessário descobrir o espírito deste movimento, familiarizar-me com a "giria" interna e digerir a noção de "meios de aperfeiçoamento" ... em suma, todos os meios propostos para permitir ao amor humano assumir-se como "caminho de santidade".

Interessado e ao mesmo tempo surpreso, vivi as reuniões num ambiente de amizade e de simplicidade que faz qualquer recém-chegado sentir-se à vontade. Depois da refeição, é o momento do por-em-comum e da Palavra de Deus: preparada por cada um, esta coparticipação é um momento privilegiado para o encontro pessoal com Cristo: também aí todos se sentem a vontade. Vem a seguir a partilha dos meios de aperfeiçoamento. Sente então como que uma ligeira flutuação ... ai! Incomoda constatar que, mais uma vez vai ser preciso repensar seriamente nossos compromissos para o próximo mês! Estamos sendo fiéis a essas pequenas coisas; não estamos sendo? Será isso o essencial? Rapidamente a partilha desemboca no tema de estudo - e agora respira-se mais descontraído ... 

Contudo, eis que, observador atento, eu me interrogo: dever de sentar-se, de rezar, de se alimentar com a Palavra de Deus...- isto não é algo específico das Equipes de Nossa Senhora! São coisas minhas, de todo cristão! Tentem fazer voar um avião sem escala técnica; fazer um carro andar sem, de tempos em tempos, o levarem à oficina para uma revisão, verificar seu estado, calibrar os pneus, que puxam para a esquerda ou para a direita. Tentem construir a sua casa sem verificar os alicerces, sem cavar até a pedra! 

Fiéis a estas pequenas coisas? "Bom e fiel servo, foste fiel em poucas coisas, confiar-te-ei muitas". Trata-se de sermos o nosso próprio mecânico, o que vela pela sua máquina, o que tem tempo de fazer o diagnóstico! Mas falta sempre um instrumento, o conhecimento desta ou daquela peça, a ajuda de alguém ... 

O movimento das Equipes de Nossa Senhora oferece, parece-me, este apoio para conservar-se na boa direção - ajudar-se mutuamente para progredir no amor de Deus, do cônjuge e dos outros. O espírito que o anima pretende ser reflexo do Espírito que santifica. Não serão os meios de aperfeiçoamento essas etapas na viagem que nos obrigam a meter o nariz na nossa própria vida? Meios, sem dúvida, mas "sinais tangíveis" que permitem verificar a nossa fidelidade ao movimento - melhor, ao próprio Deus -, evitando que se criem ilusões. 

O movimento não se confunde, por certo, com os meios de aperfeiçoamento. Mas, para amar como Ele nos amou, haverá outro caminho que não o de dar a vida pelos amigos?

Pe. Bernard Boussaud

A santidade não é uma. virtude, nem são as tuas virtudes. A santidade não são as tuas mais excelentes qualidades, teus mais heróicos sacrifícios, tua perfeição...
A santidade sou eu, Deus, presente em ti, homem. (MARIE-NOEL)

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-8) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 30/03/2017

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