Porque, em primeiro lugar, nesta vida corrida, agitada, repleta de obrigações e horários, o casal realmente não conversa mais em profundidade. Não há mais diálogo, não dá mais tempo. São os filhos que nos solicitam, a família, o trabalho, enfim, os deveres de cada um que nos impulsionam um para cada lado, sempre com pressa, e a conversa que temos fica só na superfície. Aquele diálogo sério que gostaríamos de ter, aquele papo que pretendíamos levar vai sempre sendo adiado.
Então, em vista dessas circunstâncias de vida, sem aquela tranqüilidade que seria o ideal, muitas vezes mágoas e ressentimentos vão se somando, por falta de atenção, por falta de uma comunicação mais íntima do casal, e se o casal encontrar um tempinho para conversar, o clima pode estar tenso e pode até ser ocasião de acusações, de queixumes e reclamações mútuas.
Com a obrigação do dever de sentar-se, acontece o inverso. Sabemos que precisamos programar esse encontro, que devemos fazê-lo, pois o Movimento nos solicita. Então chega a hora do diálogo! Como somos iniciantes e estamos engatinhando no dever de sentar-se, achamos que o fato de iniciarmos o diálogo com uma oração torna esse diálogo já de início diferente de uma simples conversa. Essa oração, esse clima da presença de Deus nos envolve - sentimos isso já no nosso primeiro dever de sentar-se -, e nos torna humildes e receptivos à palavra do outro. Estamos alí não para nos acusarmos mutuamente, mas para nos desculparmos de nossas próprias negligências e desacertos e tentar encontrar juntos a maneira de nos ajustarmos melhor.
Conseguimos ver o ponto-de-vista do outro, escutar (aprender a escutar!) e, por incrível que pareça, por mais diferentes que sejam as nossas personalidades, conseguimos por vezes firmar a nossa opinião sem que isto crie ressentimentos.
Cremos que, nessa hora, o Senhor transforma o nosso coração e vemos o nosso cônjuge com o olhar do amor, do perdão e da misericórdia. Atributos esses que não são nossos, mas nos são concedidos pela graça de Deus! Parece-nos que essa abertura sem medo, esse diálogo em profundidade nos une mais, nos aproxima mais ainda, pois estamos conversando para melhor nos entrosarmos. Não é um papo furado, não é uma conversa mole. É uma conversa muito séria, então, nessa hora, somos um só espírito e não só uma só carne.
Então concluímos que o dever de sentar-se não é só útil, como nos questiona a pergunta, mas um meio, um instrumento que vai nos fazer caminhar juntos em união de espírito, solidificar, fortalecer e dar nova amplitude ao nosso casamento.
Carmen e Cícero
Equipe 18/ A, São Paulo
(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1982-8)
ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 17/03/2017
gfaltou fundamentação biblica
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