segunda-feira, 20 de março de 2017

PARA SER MISSIONARIO, BASTA DESCER A SERRA

(Trata-se da Serra Velha de Petrópolis.)

Primeira etapa:

"S.O.S. - Ajude a construir uma nova comunidade eclesial". Com esse título, escrevia Frei Antônio Moser no Boletim de maio de 1979: Incentivado pelas equipes 10 e 14, estou dando assistência religiosa numa localidade chamada Rio do Ouro, a 8 km de Piabetá (Serra Velha). Quando lá cheguei, em março último, encontrei ao menos 4 igrejas de "crentes", várias "assembléias", centros espíritas, Igreja brasileira, etc. Encontrei igualmente uma enorme "catedral" católica, que mede, no máximo, 5 x 3 metros. A capelinha é o símbolo de uma comunidade que nunca contou com a assistência regular de um padre. É feita de pau-a-pique. 

Logo no primeiro domingo, ela ficou lotada. . . com umas 15 pessoas, entre mulheres e crianças. Nenhum homem. Passei a benzer casas, visitar os doentes, distribuir balas às crianças. Hoje, são mais de 100 pessoas que frequentam a missa regularmente aos domingos. Estou celebrando numa escolinha que fica ao lado da capela. Mas também a escolinha mal dá abrigo para a metade do pessoal. A gente fica rezando para que não chova, nem faça sol muito forte. Diante disto, me vejo na contingência de construir urgentemente um abrigo, uma espécie de capela-barracão. 

O povo é muito bom e manifesta grande boa vontade, mas é bastante pobre. Muitos vêm descalços ou com chinelos de dedos. Eles vivem numa situação um pouco superior à dos favelados. Os resultados se refletem nas coletas: no máximo, Cr$ 100,00. 

Programamos dois dias de festa, em junho, em comemoração ao padroeiro, Santo Antonio. De antemão, todos os equipistas estão convidados para passarem lá nestes dias, em contato direto com a natureza e. . . deixando um pouco das suas economias.' 

A seguir, Frei Antonio, dizendo que bem sabe "que não é educativo trazer contribuição de fora" , mas que "é preciso dar a arrancada inicial para animar o povo", dá três pistas para que os equipistas colaborem: na "Campanha do quilo de carne", doando pequenos brindes para a "pesca milagrosa" e oferecendo material para o bazar. E termina: 

Ao faminto pertence o pão que se estraga em tua casa. 
Ao descalço pertence o sapato que cria bolor debaixo da tua cama. 
Ao nu pertencem as vestes que ficam em teus baús. 
Ao miserável pertence o dinheiro que desvaloriza em teus cofres. 
(São Basílio Magno) 

Desde já, meus paroquianos agradecem. 

Frei Antonio Moser 
(Doutor em teologia moral durante a semana; 
Vigário da roça aos domingos)

Segunda etapa: 

"Rio do Ouro agradece" (Boletim de julho-agosto) 

Quando lancei o S.O.S. em favor da comunidade católica de Rio do Ouro, sinceramente, não esperava tamanha receptividade entre os equipistas. Entretanto, de todas as equipes chegaram donativos em dinheiro (cobrindo quase todas as despesas da carne: 100 quilos de carne e 100 de salsichão), em prendas e roupas usadas (renda da barraca do bazar: 7.200,00). Ademais, muitas equipes marcaram sua presença, representadas por vários casais. Isto sem falar da 10 e da 14. Agora chega o momento do muito obrigado. Para que não seja um muito obrigado convencional, darei um panorama dos resultados. 

Devo dizer, inicialmente, que todos os santos ajudaram, pois todos os objetivos foram amplamente alcançados: 

1) A festa tinha como objetivo primordial encorajar uma comunidade que se encontrava perdida e desanimada no meio de outras religiões. A Missa, celebrada pelo Senhor Bispo diocesano, foi um sucesso, não só pelo número de pessoas presentes, mas pela participação entusiástica. Na mesma linha, um grande número de pessoas circulou por lá nos dois dias, sobretudo nas duas noites. Agora a comunidade católica já pode andar de cabeça erguida, sem complexos. 

2) A festa visava dar ao povo o testemunho de fé e unidade, através da participação de outras comunidades vizinhas. As Equipes não só se fizeram presentes, como impressionaram profundamente o povo de lá. Na despedida, vários líderes da comunidade se expressavam mais ou menos deste modo: "Frei, sem os casais de Petrópolis, nós nunca teríamos feito uma festa destas". E se perguntavam: "A troco de quê eles estão nos ajudando?" Só pude responder: "A troco da solidariedade cristã e do ideal das Equipes de Nossa Senhora". O vigário de Piabetá ficou tão entusiasmado que já mandou, por meu intermédio, um convite ao Setor para "implantar aqui um movimento de gente tão disposta" ... 

3) A festa visava também ganhar fundos para o início da construção de uma capela. Quando um mês antes anunciei que deveríamos conseguir ao menos 50.000 cruzeiros, todo mundo riu. Ninguém acreditava. A festa de Santo Antonio, no ano passado, dera 8.000 cruzeiros.. . Pois bem, com a ajuda de todos, o resultado bruto foi de Cr$ 88.500,00; o resultado líquido: Cr$ 72.000,00. 

Diante disto tudo, o entusiasmo do povo é grande. E o reconhecimento às Equipes também. Um projeto definitivo já está em andamento; um mestre de obras (Sr. Pedro Martinho, pai de dois equipistas) e um pedreiro experimentado já estão de prontidão. O sonho do povo e do vigário é rezar a primeira missa na nova capela já pelo Natal... nem que seja entre os andaimes. 

Para tanto, deveremos fazer mais alguma festa, e sobretudo bater mais vezes às portas dos irmãa.s equipistas: Com o sucesso do bazar, o povo pediu para que haja lá um bazar permanente aos domingos... 

Finalmente, com São Paulo (2 Cor. 9, 7, 2, 12, 13, 14), agradeço, pela comunidade de Rio do Ouro, dizendo: "Deus ama a quem dá com alegria ... O vosso zelo tem estimulado a muitos ... A distribuição de tais esmolas não só provê às necessidades dos irmãos, mas também se faz fonte de ação de graças para com Deus. . . Considerando a comprovada virtude que esta assistência revela da vossa parte, eles glorificam a Deus. . . Eles rezam também por vós, dedicando-vos a mais terna afeição ... " 

Frei Antonio Moser 
(Vigário pela graça de Deus e pelo incentivo das suas equipes 10 a 14)

Terceira etapa

Capela de Rio do Ouro (Boletim de setembro) 

Podemos informar que já foram iniciadas as fundações da nova Capela do Rio do Ouro, à frente de cuja construção está Frei Antonio Moser, assessorado por alguns casais equipistas. 

Quarta etapa: 

Convite: (No mesmo Boletim) 

A comunidade do Rio do Ouro convida para mais uma festa, nos dias 27 e 28 de outubro. Irmão equipista, sua presença é uma grande contribuição. Vamos prestigiar. 

Quinta etapa: 

O resultado da festa: quase Cr$ 100.000,00 de renda, que permitiram nova etapa na construção da igreja. Frei Antonio celebrou, entre os andaimes, a missa do Natal, realizando assim "o sonho do povo e do vigário". 

Sexta etapa: 

Em fins de março, a igreja está quase pronta. O Setor conseguiu doação de um quadro do pintor Wim L. Van Dijk, tela a óleo, "São Francisco", no valor de Cr$ 250.000,00, para rifar em benefício da conclusão das obras... Em nome de todas as equipes, também comprometeu-se a doar a imagem de Nossa Senhora que lá ficou como símbolo de fé e de um apostolado efetivo das Equipes, que há de prosseguir através de atividades- já iniciadas como palestras, cursos, etc. 

(A igreja, nestas alturas - junho - deve estar pronta!... )

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1980-4)

ENS Piabetá - Piabetá na Carta Mensal

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