quinta-feira, 23 de março de 2017

"UM DOS DOIS DEVE MORRER"

"É a terceira cesareana. Como médico e amigo devo dizer-lhe: a senhora não pode mais ter filhos". Quarta gravidez e quarta cesareana! Foi salva, graças a cuidados médicos especiais, não sem uma severa repreensão. Foi necessária a amarração das trompas, porque outra gravidez seria fatal para a mãe ou para o filho.

E veio a quinta gravidez!!! É de pasmar! A Ana ao Ovídio: - "É minha condenação à morte!" Entra o médico: - "A quem devo salvar? à mãe ou ao filho? porque ela não tem nenhuma condição de levar avante a gravidez". Outros médicos se sucedem reforçando a opinião do colega de profissão: - "Se fosse minha filha, eu a libertaria desta gravidez". - "Se fosse minha irmã, eu lhe daria o mesmo conselho". - "Se fosse minha esposa, eu não duvidaria em interromper uma gestação que põe em perigo a vida da mãe, mais preciosa que a do nascituro". 

Ovídio não decidiu. Precisava de tempo para pensar em termos de consciência:  - "Padre, não tenho estrutura para sacrificar a vida daquela que é a vida em meu lar. Ninguém da família suporta sequer a idéia de perder a mãe. Ninguém suporta! E a Ana se encontra numa aflição de morte. Olha para as crianças em casa como quem está na despedida". 

- "Ovídio, esta notícia me deixa sumamente angustiado. Antes de qualquer medida precipitada tentemos todos os meios naturais e sobrenaturais. Vamos lançar mão dos últimos recursos da ciência médica e pedir socorro a Deus pela oração." 

Da oração em particular e em grupos, veio uma segurança: "Confia nEle e Ele atuará" (Salmo 37,5). E expondo-se o caso a um médico de fora, colheu-se esta orientação:

"Aquele colega foi precipitado. Realmente essa gravidez é de alto risco pelo perigo da ruptura do útero se não se tomarem os devidos cuidados com a paciente. Mas desde que o médico seja fiel numa assistência assídua à mulher mediante um tratamento adequado para o fortalecimento das paredes do útero, o risco é contornado e há grande probabilidade de se conduzir a gestação até o 7° mês, quando então se torna possível salvar não só a mãe, como também o filho." 

Um médico de fora, contrariando a opinião unânime dos outros, foi uma réstea de luz apontando uma esperança. Era necessário ir a um centro maior. Veio à mente do Ovídio um parente médico em São Paulo. Não sendo encontrado no momento, Ana foi encaminhada ao maior catedrático em ginecologia. E o seu pronunciamento deu peso e valor decisivo à orientação recebida. E ainda acrescentou: 

- "Meu caro Ovídio, no estado em que se acha o útero de sua esposa, se ela se tivesse submetido ao aborto conforme conselho recebido, você seria viúvo!" 

A mão de Deus interveio clara nestes passos: 

- por questão de consciência, não seguir logo a sentença unânime que via no aborto a única solução ... e com isto salvou-se a vida da mãe; 

- ir dar, fora dos planos, nas mãos da maior autoridade em ginecologia; 

- porque Deus não pára no meio do caminho, estamos aguardando a terceira graça: o feliz natal do quinto filho, para que a Ana, com os seus, cante, à semelhança de Maria: 

Minha alma glorifica o Senhor; 
exulta meu espírito em Deus, meu Salvador: 
ele voltou os olhos para a humildade de sua serva; 
doravante todos os que me conhecem 
me chamarão feliz e abençoada. 
O Poderoso fez em meu lar maravilhas, santo é seu nome. 
Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o amam! 

Pe. Mario Zuchetto, 
Conselheiro espiritual da Equipe 10 de Campinas

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-3)

ENS Piabetá - Tesouros da Carta Mensal

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