terça-feira, 7 de março de 2017

CONVIVER E COMPARTILHAR

" ... e, tendo Ele mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomando os cinco pães e dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões. Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobraram recolheram ainda doze cestos cheios." (Mt. 15, 19-20) 

Analisar a posição de um casal na equipe sempre equivale a um profundo exame de consciência, porque o parâmetro da análise nem sempre é, como deveria ser, o melhor casal equipista, mas nós mesmos. Ouvimos alguém dizer, ao falar de equipes em crise: "Quem acha que sua equipe está em crise deve examinar-se bem para concluir se não é ele mesmo o responsável pela crise". 

De fato quando pertencemos a um movimento comunitário, mesmo que ele reúna um número restrito de pessoas, como é o caso de uma Equipe de Nossa Senhora, e começamos a encontrar muitos defeitos nesse Movimento, devemos mergulhar bem no fundo de nós mesmos e, lá, possivelmente, acharemos as razões dos defe:tos que apontamos. 

Tudo, mas tudo mesmo, em equipe, resume-se em conviver e compartilhar. 
Convivemos com outras pessoas, com outros casais, de uma forma que só existe em equipe. Perseguimos esse modo de viver que o mundo e a sociedade nos negam e, quando o encontramos, agarramo-nos a ele e nele podemos permanecer sempre, a não ser que o nosso egoísmo nos obrigue a querer viver, e não conviver. O casal que chega a este ponto fatalmente concluirá que conviver em equipe está atrapalhando o seu viver. E começa a se afastar. Muitas vezes, o que ocorre não é o afastamento físico. O casal permanece na equipe, iludindo-se e iludindo a todos. No entanto, embora esteja ali, está mais distante do que se tivesse abandonado a equipe. Sua presença só se dá para medir a sua importância para o Movimento e não a importância do Movimento em sua vida.

Quando o casal deixa de conviver, deixa também de compartilhar. Não nos referimos ao prato para a reunião (embora este também possa tornar-se um sacrifício) ou à contribuição financeira mensal. Isto o casal continua oferecendo. O que já não compartilha mais é a si mesmo, sua riqueza ou pobreza interior, sua espiritualidade. Quando a situação chega a este ponto, a reunião mensal começa a tornar-se um sacrifício. Perde a espontaneidade. As palavras passam a ser escolhidas entre aquelas que se deve ou não dizer. Os assuntos começam a sofrer uma triagem mental. O casal só participa daqueles que não o comprometem. Fica super-sensível, procurando em cada palavra dita pelos outros uma segunda intenção, que só existe na sua própria mente. É um desastre que só pode ser salvo por um milagre. 

E, falando em milagre, estamos propensos a pensar que, no episódio da multiplicação dos pães, Jesus deve ter tido uma visão completamente diferente da nossa visão humana sobre o fato.. Para nós, o acontecimento foi mais um milagre de Jesus. Para Ele, talvez o milagre resida no fato de, existindo ali na multidão alguém que possuía o suficiente para saciar a própria fome, dispôs-se a compartilhar o que possuía com os demais, que nada tinham. 

Em equipe, esse milagre pode acontecer sempre que resolvemos nos desinstalar, sair do nosso egoísmo, e nos dispomos a compartilhar. Jesus multiplica tudo o que oferecemos. Todos ficam saciados e, no final da reunião, podemos reca.lher, talvez, doze cestos de alegria, a sobra do que compartilhamos, e que poderá ser distribuída entre os que não têm a mesma felicidade que temos, a de pertencer às Equipes de Nossa Senhora! 

Therezinha e Arnaldo 
Equipe 4 de São Carlos

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1982-4)

ENS Piabetá - Tesouros da Carta Mensal

"Este texto deveria ser lido individualmente, em casal e em equipe. Poderíamos descobrir o quanto podemos transformar quando nos damos de coração." (Mônica e André - CRS Piabetá)

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