D. Antonio Afonso de Miranda
Há poucos dias, uma jovem mãe de três filhos me disse: "Tem muito tempo que não rezo. Não há jeito. A noite, estou exausta, e não consigo nem rezar o Pai nosso. Pela manhã, já acordo com gritos dos filhos ... Um pede uma coisa, outro tem que ir para a escola, o marido tem horário para chegar no serviço. . . E é assim. Não consigo rezar".
Esta história se repete em milhares de casas. As mães não acham momentos para rezar. E, porque elas não rezam, os filhos também não aprendem a rezar. E a família cresce esquecida daquilo que poderia salvá-la ainda no meio de tantos males. Lar onde as mães não rezam e não ensinam os pequenos a rezar será fatalmente um lar em que a fé não estenderá raízes profundas. Por isso, nas horas das provações, dos sofrimentos, e sobretudo diante dos assaltos da imoralidade, será um lar em perigo. Porque só a fé, alimentada pela oração, torna forte a família diante das investidas do mal.
Aquela mãe, que me disse não ter tempo para rezar por causa dos três filhos, eu falei assim: "Minha filha, de manhã quando os filhos acordarem pedindo as coisas, você os convide, primeiro, para rezar. Reze junto com eles. Diga-lhes que agradeçam a Deus a saúde, o alimento, a inteligência. Reze junto com eles, ensinando-os a agradecer. A noite também, chame-os para rezar antes de dormir. Chame igualmente o seu marido. Rezem todos juntos. Assim, a senhora achará tempo para rezar, e fará sua família rezar também". Ela me respondeu: "Engraçado, o sr. sabe que eu nunca tinha pensado nisto?"
Assim acontece. Muitas mães não rezam, alegando não ter tempo por causa dos filhos. E nem se lembram de que é fácil rezar com os filhos, pela manhã e à noite, principalmente quando isto se faz desde que eles começam a falar!
É assim que se constrói o lar com os alicerces da oração. Minha mãe me ensinou, a mim e a meus irmãos, mas nos ensinou rezando conosco. Nossa família foi abençoada porque rezávamos. Tudo isto parece ingênuo. É simples demais, fácil demais. Como foi que as famílias de nossos dias esqueceram coisas tão fundamentais?
Talvez seja preciso voltar aos velhos tempos. A família reunida rezava o terço todas as noites. Onde é que se faz isto ainda? Gente que reza é "quadrada". Quem não é "quadrado" fica diante da televisão até cair de sono. A família não tem tempo nem para conversar. Ninguém quer perder o capítulo da novela ou o filme de violências. E dia-a-dia todo o mundo se intoxica mais de violência, de sexo, de inutilidades. A maior poluição é a poluição moral. Por que não reaprender a rezar? Rezar não é ser "quadrado", não. É alimentar a fé e crescer na esperança daquelas únicas realidades que nos tornam felizes.
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O motivo mais profundo e determinante do insuficiente número de sacerdotes situa-se no enfraquecimento da vida cristã e religiosa na família e na sociedade.
Cardeal Scherer
(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-3)
ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 21/03/2017
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