sexta-feira, 31 de março de 2017

A ORAÇÃO CONJUGAL

A oração comunitária tem um lugar predominante na Igreja. E dentro da Igreja o primeiro escalão é a pequena comunidade formada pelo casal Para a pequena célula como para a grande Igreja, a primeira função é o culto. Consagrados não só um ao outro, mas também a Cristo, pelo sacramento do matrimônio, marido e mulher, como casal, devem um culto a Deus, cuja primeira manifestação é a oração conjugal. 

A oração conjugal representa para eles este momento diário dedicado especificamente a Deus - assimilando-se por analogia à liturgia das horas dos consagrados. É no sacramento do matrimônio que encontramos o verdadeiro sentido da oração conjugal como culto devido a Deus pela comunidade conjugal: pelo sacramento, Cristo faz aliança com o casal, se compromete com ele, o assume totalmente. Diz o texto do caderno n° 7 sobre a oração conjugal: "Quando Cristo une pelo sacramento um homem e uma mulher, é para fundar um santuário, que é o casal cristão, onde Ele, Cristo, poderá celebrar, com esse casal, o grande culto filial de louvor, de adoração e de intercessão que veio instaurar na terra ..." 

O culto é pois, um dever do casal, pela própria pertença a Cristo. Os dois são um do outro, mas são de Cristo. Esse momento em que se unem para orar permite retomar incessantemente consciência deste incrível favor divino, deste privilégio da presença de Cristo no nosso casamento. E assim dar graças e louvar a Deus por isso.

Um dos efeitos é ajudar-nos a viver em ação de graças, como manda São Paulo. Gostamos muito daquela passagem de Col. 3, 12-17, principalmente, no que ora nos interessa, os versículos 15-b e 16: "Sede agradecidos. A Palavra de Cristo habite em vós ricamente: com toda sabedoria ensinai e admoestai uns aos outros e, em ação de graças a Deus, entoem vossos corações salmos, hinos e cânticos espirituais." Sempre aplicamos esta passagem à equipe, mas parece-nos aplicar-se maravilhosamente também ao casal, na oração conjugal! 

O como é deixado à criatividade de cada um, mas parece-nos que o esquema normal de uma oração conjugal deveria ser: 

- a escuta, juntos, de Deus: a) escutamos primeiro silenciosamente Sua presença em cada um de nós e entre nós como casal; b) escutamos em seguida a Sua Palavra; c) calamo-nos juntos, deixando que esta Palavra ressoe em nós; d) fazemos um exame de consciência sobre o dia que passou, à luz da Palavra que ouvimos e meditamos; 

- nossa resposta à Palavra, nosso diálogo com Deus diante do outro (contrição, louvor, ação de graças), nosso diálogo um cem o outro diante de Deus (renovar do amor, pedido de ajuda, 
etc.); 

- a intercessão: apresentamos a Deus nossas dificuldades, individuais e como casal, nossos filhos e seus problemas, os outros e seus problemas, o mundo e seus problemas. 

Isto é claro, nem sempre é fácil. Há o respeito humano, que não nos deixa abrir totalmente a alma diante do outro, embora saibamos que é outro "eu"! Há também o cansaço, uma certa má vontade quanto temos outra coisa "mais importante = urgente" a fazer. E, é claro, as rusguinhas da vida, que fazem com que nem sempre cheguemos à oração conjugal com a disposição necessária -às vezes nem há clima! Nesses momentos, devemos pelo menos rezar um Pai Nosso, demorando-nos nos "perdoai-nos as nossas ofensas" e invocar a Mãe da Misericórdia com uma Salve Rainha, por exemplo. "Não se deite o sol sobre a vossa ira", diz-nos o Evangelho. A oração conjugal parece-nos uma boa oportunidade para que não aconteça de dormirmos "brigados". Sempre um dos dois terá que engolir o seu orgulho e pedir perdão ao outro, mesmo tendo a absoluta certeza de que ele está com a razão ... Só para que "o sol não se deite sobre a nossa ira"! 

Vale a pena agora uma palavra sobre os benefícios da oração conjugal, embora pareçam óbvios. Dizer que une mais o casal seria quase pleonástico, pelo exposto no início: aprofunda o amor, exatamente porque é uma volta às fontes. Parece-nos ser a oração conjugal o grande momento em que a gente se lembra de que está unida por um sacramento, que Cristo está realmente no meto de nós como casal, e isto é um renovar da graça sacramental. Além disso, se cada um abrir realmente a sua alma, a oração conjugal trará um conhecimento mais profundo do outro, num nível elevadíssimo. Finalmente, envolve numa paz, numa serenidade muito grande, pela sensação de termos entregue tudo a Deus - nossos problemas e os dos outros -, como que uma sensação de termos re-encontrado a Ele como Pai. Sentimo-nos também profundamente reconciliados para além das inevitáveis rusgas da vida diária. No fundo, é como o beijo que o filho recebe da mãe antes de dormir: pacifica, conforta e o filho adormece tranqüilo.

(Fonte: Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora - ENS-CM-1983-9) 

ENS Piabetá - Vivência diária dos Pontos Concretos de Esforço - PCE 31/03/2017

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